Em discurso no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), o ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, declarou que a organização não vai ter razões para existir se não ficarem do lado de Israel. “ONU não terá razão de existir se as nações que a formam não ficarem do lado de Israel e dos princípios básicos da humanidade que descreve a Carta da ONU”, disse o chanceler, enfatizando que essa guerra, iniciada no dia 7 de outubro, é uma “guerra do mundo livre” e que o Ocidente é o próximo. “Esta guerra nos foi imposta, não havia opção. Nos foi imposta e não é apenas a guerra de Israel, mas a do mundo livre”, disse em um debate aberto no Conselho, que terá uma quantidade recorde de participantes. “Os terroristas não têm apenas em mente a destruição de Israel: o seu sonho é o mundo inteiro”, insistiu.
Seguindo a declaração dada pelos Estados Unidos na segunda-feira, 24, Cohen rejeitou qualquer possibilidade de um cessar-fogo em Gaza: “Como você pode aceitar um cessar-fogo com alguém que jurou matá-lo, destruir sua própria existência?” se perguntou, e então deu a resposta: “A resposta proporcional ao massacre de 7 de outubro é a destruição total do Hamas. Não é apenas nosso direito, é nossa obrigação”, disse em um tom muito irritado. O ministro, que acompanhou seu discurso com fotografias das crianças raptadas pelo Hamas e com um áudio atribuído a um dos seus militantes – no qual supostamente se vangloria de ter matado dez judeus em uma conversa com a sua mãe – teve palavras de agradecimento aos Estados Unidos. Cohen elogiou o presidente americano, Joe Biden, e o secretário de Estado, Antony Blinken, “por mostrarem essa clareza moral e apoiarem Israel nestas horas sombrias”, mas foi muito duro com o secretário-geral da ONU, António Guterres, por ter solicitado repetidamente um cessar-fogo: “senhor secretário-geral, em que mundo você vive?” disse a Guterres, presente na sala. Em sua fala, Guterres havia pedido um cessa-fogo imediato na região.
O Conselho de Segurança da ONU se reuniu novamente nesta terça para discutir a situação na região e falar sobre a possível resolução que os Estados Unidos querem apresentar. Essa é a terceira tentativa com uma resolução que já aparenta ser pouco provável de ser aprovada, já que não menciona a necessidade de um cessar-fogo e sublinha “o direito inerente de todos os Estados à autodefesa individual e coletiva”. No texto dos norte-americanos, responsáveis por vetar a resolução brasileira, dizendo que a proposta tinha falhas graves porque não refletia “o direito de Israel se defender”, eles voltam visar o Hamas e os seus “horrendos ataques terroristas”, pede a suspensão de qualquer envio de armas para o grupo islâmico palestino e menciona também “a cessação imediata dos ataques do Hezbollah e de outros grupos armados” contra Israel. (JP)