Nesta semana, o programa Mulheres Positivas recebeu a empreendedora Natalia Beauty. Em entrevista à Fabi Saad, ela contou sobre a sua infância e o contexto familiar em que viveu. “Construí um negócio maravilhoso, mas tudo tem um começo. Cinco filhos minha mãe tinha, meu pai veio de Portugal, passaram muitas situações difíceis. Era uma loucura, minha mãe carregava os quatro filhos, uma gritaria. Eu cresci numa família onde a cultura machista era muito presente, não estou falando de forma negativa. Eu via isso através de nuances, já via minha mãe vivendo situações das quais ela queria sair, mas talvez por ser dependente não conseguia sair”, relembrou. “Ela estudou pouco, é aquela mãe de casa. Cuida dos filhos e dos maridos, vem daquela cultura onde a mulher serve e cuida. Não queria isso para mim. Não é o modelo que eu acreditava, me incomodava a dependência, ter que pedir e explicar tudo. Eu nunca tive essa liberdade, era tudo na surra e no tapa. Ter que pedir para o homem para comprar um sutiã, eu vivia essas situações. Não é possível que a vida se resuma a isso. Eu era a ovelha negra, dei problema para eles. Queria liberdade e sempre não podia. A gente era de ter que obedecer”, acrescentou.
Antes de se consolidar como empresária do ramo da beleza, Natalia tentou cursar diferentes graduações, mas não gostava do cotidiano na faculdade. “Comecei arquitetura e direito, não continuei. Meu pai pagou, comecei três faculdades e não terminei nenhuma. Eu não me identificava com ensino tradicional, na minha cabeça não fazia sentido. Fui operadora de telemarketing, pegava trem e ônibus, ia para o centro de São Paulo. Vivi uma infância que me preparou para tudo de hoje”, disse. Ela também trabalhou como secretária e funcionária de um restaurante no centro de São Paulo. “Aprendi a humildade de servir, de tirar a bandeja da mesa sem vergonha. Me preparou para a humildade. Me apaixonei, fui corajosa. Não sabia, não tinha treinado. Eu não sabia estrutura de rosto ou visagismo. Tive que aprender na marra, criei a beleza sem padrão. Foi o que eu quebrei de ciclo. Eu suava frio e a cliente me perguntava há quanto tempo eu fazia esse trabalho”, revelou.
Quando Natalia focou no mundo da beleza, veio o divórcio do marido. Ela conta que foi um momento de crise, mas que deu a volta por cima. Desde então, ela renovou a sua forma de trabalhar e fundou a empresa que leva seu nome, “Natalia Beauty”. A companhia oferece cursos profissionalizantes, produtos e atendimento para cuidados focados na saúde das sobrancelhas. “Era o retrato do fracasso, mas virei o jogo. Fiquei em uma situação sofrendo, chorava muito. Término de relacionamento, sem saber o que fazer. Diziam que sobrancelha não dava dinheiro, que ão era uma profissão. A opção era voltar para o restaurante ou fazer sobrancelha. Sabia que era eu comigo, construindo o meu negócio e o meu trabalho. Ficava com vergonha de tudo e de todos”, desabafou. “As mulheres se conectavam comigo pela história. Eu chorava, ria, contava coisas engraçadas. Sempre fui a favor de mostrar a vida real, isso que conecta. Se não tiver imperfeições, não vai se conectar. Comecei a mostrar vulnerabilidade e dor. As pessoas se conectavam, mandavam forças. Comecei a trazer a beleza natural para as sobrancelhas. “Você pode ser bonito sendo você”. Aprendi a ler a arcada óssea. Não adianta vir com uma régua e medir, vou harmonizar de acordo com seu rosto”, detalhou.
Como dica, ela incentivou mulheres a terem autoconfiança. “Se tem uma coisa que eu aprendi foi a me ouvir. Fazer e confiar, todo mudo já tem as respostas, deixamos nos guiar pela perspectiva de outra pessoa e não pode. As mulheres são muito mais fortes do que acham que são, independente do momento que você está passando”, pontou. “Acredite no que você está fazendo primeiro, ame o que você está fazendo, entenda que tudo que você faz vai impactar o mundo de uma forma. A gente não existe o tempo que a gente vive, a gente existe o tempo que a gente é lembrado. Como você vai ser lembrada é o que importa.
Confira na íntegra a entrevista com Natalia Beauty: