Por Olívia Coutinho
Era uma vez, um sabiá, que todas as manhãs cantava no galho do abacateiro bem em frente à minha janela! Na minha imaginação de menina, que amava a natureza, ele cantava só pra mim!
Com o seu canto tão bonito, aquele pássaro, me deixou tão manhosa que eu só levantava depois que ele cantava! Era assim todas as manhãs: o sabiá cantava e eu acordava!
Sonhos encantados, belas manhãs, despertar ouvindo o cantar do meu sabiá!
Houve uma manhã que o meu sabiá, no abacateiro não veio cantar!
Esperei, esperei até o sol raiar e ele não apareceu…
Teria ido cantar na janela de outra menina? Ou sido pego pelo gavião enquanto catava minhoquinhas lá à beira do riacho? Saí a procurá-lo nos lugares onde ele costumava ficar: no esteio da porteira, no pé de jacarandá e lá na laranjeira! Andei pelo o quintal e do meu sabiá, nenhum sinal!
Triste, nem quis ir à escola, inventei pra mamãe, que a minha barriga doía, mas na verdade, o que doía mesmo, era o meu coração!
Inquieta, eu não saia da janela, agarrada na esperança de ver de volta o meu sabiá!
À tardinha, antes do pôr do sol, alguém bateu na porta, correndo fui atender, pensando ser o vovô, acostumado a ir lá em casa, contar historinhas pra gente! Só que não era o vovô, era o Luiz, um lavrador que trabalhava na roça pro meu pai. Em suas mãos, estava uma gaiola e dentro dela, o meu sabiá! Sabendo do meu apreço por aquele passarinho, o Luiz, o pegou numa arapuca e com ele, quis me presentear!
Eu não sabia se chorava ou se sorria, mas contente eu não fiquei em ver o meu sabiá, preso numa gaiola, pois o meu presente maior, era ver o meu sabiá, livre pra voar!
Com a gaiola na mão, corri para o meu quarto e da janela, o meu sabiá eu libertei…
Lembranças da minha infância.
Por Olívia CoutinhoRefletindo o Evangelho