Thulium laser oferece precisão, segurança e menos riscos para o paciente
O Quanta System Fiber Dust, equipamento de última geração e alta performance conhecido como Thulium fiber laser (ThuFLEP), foi adquirido esta semana pelo Hospital Mater Dei Salvador. A tecnologia avançada é considerada a mais moderna do mundo para o tratamento de hiperplasia prostática benigna (HPB) e de cálculos urinários. Consagrada nos Estados Unidos e na Europa por oferecer mais segurança e precisão cirúrgica, a enucleação endoscópica de próstata com ThuFLEP é o tratamento padrão-ouro da HPB. O procedimento minimamente invasivo, que remove sem cortes a parte central da glândula aumentada, libera mais espaço para a passagem da urina. Importado da Itália, o ThuFLEP começou a ser usado no Brasil no segundo semestre de 2022. No Norte-Nordeste, as primeiras utilizações de um aparelho “itinerante” vindo de São Paulo aconteceram no Hospital Santa Izabel e Mater Dei Salvador, onde os procedimentos utilizando a tecnologia foram realizados com sucesso para tratamento de pacientes com HPB. Até o momento, apenas dois hospitais baianos – o Mater Dei Salvador e o Português – adquiriram equipamentos próprios. Para o chefe do serviço de urologia do Hospital Mater Dei Salvador, Nilo Jorge Leão, a enucleação endoscópica de próstata com Thulium laser é a melhor opção terapêutica para tratamento da hiperplasia prostática porque os pacientes operados, independente do volume da próstata, apresentam menos sangramento, menor tempo de internação e de uso de sonda no pós-operatório, menor queda das taxas de hemoglobina, além de um PSA bem inferior ao de pacientes submetidos à ressecção endoscópica clássica (raspagem) nos 12 meses posteriores ao tratamento. “O risco de recidiva da doença também é reduzido”, destacou o especialista, que também coordena o Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR). Diferente de outras técnicas, o ThuFLEP pode ser realizado em pacientes que fazem uso de medicamentos anticoagulantes. Além disso, os achados incidentais de cálculos vesicais não detectados na avaliação pré-operatória podem ser resolvidos com o laser de Thulium com baixo índice de complicações. Cálculos vesicais, mais conhecidas como pedras na bexiga, são pedras compostas por sais de cálcio que se acumulam na bexiga urinária ao longo do tempo. Próstata grande – O aumento da próstata, que acontece naturalmente após os 50 anos de idade, não é um problema em si. Porém, como essa glândula está anatomicamente localizada junto a algumas estruturas do trato urinário, seu aumento pode comprimir a uretra e atrapalhar a saída da urina. Quando isso ocorre, há perda de força do jato urinário e necessidade de urinar frequentemente. Outros sintomas da hiperplasia prostática benigna (HPB) são dor ou dificuldade para urinar; infecção urinária; cálculo de bexiga; insuficiência renal, nos casos de grave obstrução; e disfunção erétil (impotência sexuak), quando ocorre compressão dos nervos que controlam a ereção. Se a próstata cresce demais e comprime a uretra até o ponto de obstruir completamente a passagem da urina, esta pode se acumular nas vias urinárias e chegar aos rins, caracterizando um quadro conhecido como hidronefrose. Se não for corrigido rapidamente, o problema pode gerar insuficiência renal grave, com necessidade de hemodiálise de urgência. Quanto mais tempo os rins ficam obstruídos e cheios de urina, menor é a chance de recuperação após a desobstrução do fluxo. Após sete a 10 dias de hidronefrose, lesões irreversíveis dos rins podem levar o paciente a permanecer dependente de hemodiálise. Tratamento – Pacientes com HPB sem sinal de obstrução urinária ou assintomáticos podem ser acompanhados regularmente sem tratamento específico. Quando há aumento da próstata e sinais de obstrução moderada das vias urinárias, o tratamento costuma ser a base de medicamentos que diminuem o tamanho da próstata. “Quando a obstrução das vias urinárias é grave ou o tratamento medicamentoso não tem sucesso, uma intervenção como a enucleação endoscópica de próstata com ThuFLEP pode ser indicada”, destacou Nilo Jorge Leão. No Brasil, a cirurgia de ressecção transuretral da próstata (RTUP) ainda é o tratamento realizado com mais frequência para tratar a hiperplasia prostática moderada e grave. Por meio dela, retira-se todo o interior da próstata, deixando apenas a parte externa. Além do ThuFLEP, existem outros lasers e técnicas para ressecção da próstata, tais como micro-ondas e cauterização. A escolha do tratamento depende do tamanho da próstata, da experiência do urologista e do acesso do paciente a serviços de saúde que oferecem as tecnologias existentes. Para tratar próstatas muito grandes, uma prostatectomia (retirada da próstata) pode ser a única opção. “A cirurgia pode ser feita na modalidade aberta (convencional) ou através de técnicas minimamente invasivas, como a videolaparoscopia e a robótica, que oferecem benefícios como alta precoce, menor sangramento e retorno mais rápido às atividades laborais, sem falar no menor risco de desenvolvimento de incontinência urinária e complicações da ferida operatória”, concluiu Nilo Jorge Leão.