Segundo ‘The Washington Post’, famílias ficaram detidas por mais tempo do que determinado pela lei em instalações semelhantes a tendas até serem deportadas
Mais de 50 brasileiros passaram entre 15 e 25 dias presos pela polícia americana em instalações semelhantes a tendas na fronteira entre os Estados Unidos e o México, informou o jornal The Washington Post nesta terça-feira 5. Entre os detidos havia famílias, incluindo muitas crianças.
O período em que o grupo ficou preso é muito superior ao prazo máximo de 72 horas determinado pelas autoridades dos Estados Unidos para a detenção de migrantes nos abrigos da fronteira. O limite foi estabelecido para evitar a superlotação.
Segundo o Post, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro disse que os migrantes ficaram na cidade de El Paso, na fronteira do Texas com o México, até serem deportadas para Belo Horizonte em 25 de outubro.
As famílias brasileiras fazem parte de um grupo de cerca de 70 brasileiros deportados dos Estados Unidos no mês passado. Como os registros de prisão por imigração ilegal não são públicos, é impossível saber exatamente quando cada migrante tentou entrar no país, mas estima-se que a maioria tenha tentado cruzado a fronteira no final de setembro e ou início de outubro
As autoridades americanas não esclareceram por quanto tempo os brasileiros ficaram detidos nas instalações do escritório de Proteção a Alfândegas e Fronteiras (CBP, na sigla em inglês), ou porque eles não foram liberados dentro do prazo de 72 horas estabelecido pela lei.
O CBP também não confirmou quantas crianças estavam no grupo. Segundo o Post, grupos que advogam pelos direitos de imigrantes na região afirmaram que ao menos 30 dos presos eram menores, incluindo bebês.
O escritório alfandegário afirmou ainda que as famílias dormiam em um grande quarto nas instalações, em colchões de 10 centímetros de espessura. Os detidos tinham acesso a chuveiros, banheiros, lavanderia e refeições quentes, incluindo comida para bebês.
No local, não há áreas para as crianças brincarem ou escolas. O Post descreve as instalações como “fortes e compactas” com “paredes de borracha pressurizada”.
Heloísa Galvão, diretora de uma organização de mulheres em Massachusetts, afirmou ao Post que as famílias detidas relataram não ter acesso a advogados ou telefones, e que não tinham direito a banhos diários. Algumas das crianças, incluindo duas meninas de 1 ano de idade e uma de 2 anos, ficaram doentes durante o período em que ficaram presas.
De acordo com o governo dos Estados Unidos, cerca de 17.000 migrantes brasileiros chegaram em El Paso, no Texas, no último ano fiscal, que terminou em setembro. veja.com