Mulher de 41 anos, diagnosticada com o Vírus Ilhéus, uma patologia considerada raríssima, deixou a Unidade de Terapia Intensiva e foi transferida para a enfermaria nesta sexta-feira (10). Ela é moradora do município baiano de Simões Filho, mas está em um hospital de Salvador desde quinta (9), para ser tratada contra a doença. A paciente, que não teve o nome revelado, está internada no Hospital Couto Maia. Antes, ela havia dado entrada no Hospital Municipal de Simões Filho, no dia 31 de janeiro, queixando-se de febre, dor de cabeça, fadiga, dificuldade de se alimentar e dores generalizadas há quatro dias. Mas após ser atendida pela equipe médica e seguir para a sala de medicação, o quadro piorou e ela passou a apresentar sudorese severa, hipotensão e confusão mental. Posteriormente vieram outros sintomas neurológicos e dificuldade para respirar, o que a levou a ser entubada. A transferência para Salvador foi solicitada pelos médicos de Simões Filho após o diagnóstico do Vírus Ilhéus. Segundo a secretária de Saúde de Simões Filho, Iridan Brasileiro, o quadro da paciente foi melhorando progressivamente e ela já chegou em Salvador extubada. Até que, nesta sexta, foi transferida da UTI do Hospital Couto Maia, para a enfermeira. “Ela foi transferida para o hospital de referência porque precisava do olhar de um infectologista. Hoje [sexta (10)] tivemos acesso ao boletim médico da paciente. Ela está estável e seguirá sob os cuidados da equipe médica do Couto Maia”, contou a secretária de Saúde de Simões Filho. Não há previsão de quando ela receberá alta. Ainda de acordo com a secretaria Iridan Brasileiro, este é um vírus caracterizado como arbovirose – que é transmitido por mosquitos. “O homem não é um hospedeiro natural dele, são as aves. O que acontece com a gente é uma hospedagem acidental, como ocorreu com a paciente”, explica. Diferente de outras arboviroses, ele tem o fator neurológico como um agravante. Isso faz com que o paciente aumente as chances de desenvolver uma doença cerebral e, consequentemente, o risco de morte. Outra preocupação médica é o desenvolvimento de hemorragias de diversos tipos. Apesar disso, a raridade de infecções humanas pelo vírus e a não transmissibilidade de pessoa para pessoa representa uma chance ínfima de epidemia. O que ela deixa é um alerta para a necessidade de combate aos focos de mosquitos, por ainda não se saber qual espécie infectou a paciente e por esta ser uma doença pouco conhecida. Por isso, a Secretaria de Saúde de Simões Filho realizou o bloqueio focal da região e tratamento e eliminação mecânica de larvas com o apoio de agentes de endemia. Também foi solicitado ao Estado o envio de equipes sanitárias para a captura dos mosquitos para a identificação do transmissor do vírus. O Estado informou ao município que as equipes devem ser enviadas na segunda-feira (14). Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde disse que está acompanhando o caso. O Vírus Ilhéus da moradora de Simões Filho foi identificado no Laboratório de Virologia do Instituto de Ciências e da Saúde da Universidade Federal da Bahia (UFBA), pelos virologistas e pesquisadores de vírus Rúbio Soares Campos e Silvia Ines Sardi. De acordo com o pesquisador, este é o primeiro caso registrado na Bahia desde a descoberta do vírus, em 1944. Ele foi identificado por um pesquisador estrangeiro que, na época, pesquisava sobre a febre amarela no Brasil. As amostras foram levadas para o país dele e lá, descoberto e batizado com o nome da cidade em que foi coletado: Vírus Ilhéus. Depois apareceram alguns casos no Equador, Bolívia e outros países. Outros diagnósticos positivos já foram registrados no Brasil em 1997 e um caso fatal em 2017, no interior de São Paulo, segundo explica o virologista da Ufba, Rúbio Soares. “Ele é um vírus raro e não passa de pessoa para pessoa. A população pode ficar tranquila, pois ele só é transmitido por mosquitos”, destaca ele, ressaltando ainda a importância de combate aos focos de proliferação do inseto. (Correio 24h).
ACONTECEU NA BAHIA: Diagnosticada com Vírus Ilhéus, mulher deixa UTI
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