Em um ato inédito, a NASA vai tentar nesta segunda-feira, 26, desviar a trajetória de um asteroide colidindo uma nave kamikaze contra ele, em um teste de “defesa planetária” que deve proteger melhor a Terra de uma possível ameaça futura. Ao contrário do que aconteceu nos filmes “Armageddon” e “Não Olhe para Cima”, a Dimorphos não representa nenhum perigo para a humanidade: sua órbita ao redor do Sol passa a apenas sete milhões de quilômetros da Terra em seu ponto mais próximo. A gerente da missão, Andrea Riley, afirma que mesmo que não seja um risco, “é importante fazer isso antes de descobrirmos uma necessidade real”. A colisão não tem como objetivo destruir o asteroide, mas empurrá-lo ligeiramente. A técnica é chamada de impacto cinético. O momento do impacto promete ser espetacular e pode ser acompanhado ao vivo pelo canal da agência espacial americana. Dimorphos é na verdade o satélite de um asteroide maior, Didymos (780 metros de diâmetro), que completa sua órbita em 11 horas e 55 minutos. O objetivo é reduzir a órbita de Dimorphos em torno de Didymos em cerca de dez minutos.
O objetivo pode parecer modesto, mas esse teste é crucial para o futuro. A intenção é entender melhor como reagirá o Dimorphos, representativo de uma população de asteroides bastante comuns, cuja composição exata não é conhecida. O efeito do impacto dependerá em grande parte da sua porosidade, ou seja, se é mais ou menos compacto. A missão de redirecionamento de asteroides DART decolou em novembro da Califórnia. Após 10 meses de viagem, a espaçonave deve atingir o asteroide Dimorphos às 20h14 (horário de Brasília) desta segunda-feira, a uma velocidade superior a 20 mil km/h. Para atingir um objetivo tão pequeno, a nave se dirigirá de forma autônoma nas últimas quatro horas, como um míssil autoguiado. Sua câmera, chamada DRACO, fará no último momento todas as imagens do asteroide, cuja forma ainda é desconhecida. Três minutos depois, um satélite do tamanho de uma caixa de sapatos, chamado LICIACube e lançado pelo DART há alguns dias, passará a 55 quilômetros do asteroide para capturar imagens da colisão, que serão enviadas de volta à Terra nas próximas semanas e meses. Em seguida, a sonda europeia HERA, que decolará em 2024, observará Dimorphos de perto em 2026 para avaliar as consequências do impacto e calcular, pela primeira vez, a massa do asteroide. Poucos asteroides conhecidos são considerados potencialmente perigosos e nenhum será nos próximos 100 anos.
*JP com informações da AFP