EDITORIAL DO JORNAL O GLOBO : Sambódromo não pode ser usado como moeda de troca entre políticos

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Passarela, que tem problemas estruturais e de segurança, precisa ser bem gerida pelo poder públicoEm que pese o vigoroso desfile da campeã Mangueira este ano, com um enredo sobre a história não oficial do Brasil, a memória do último carnaval ficou marcada sobretudo pelas trapalhadas oficiais. Às vésperas da apresentação do Grupo Especial, não se sabia sequer se haveria festa. Isso porque pairava sobre a Marquês de Sapucaí a ameaça de interdição do Sambódromo. Depois de o MP alertar sobre problemas estruturais, a Justiça determinou que bombeiros fizessem uma inspeção para verificar as condições de segurança. Por pouco, não se teve de cancelar as apresentações. Situação incompreensível, considerando que a prefeitura, que administra o espaço, tem o ano inteiro para preparar o local.Passado o carnaval, o Sambódromo passou a ser palco de uma outra disputa, desta vez entre o governador Wilson Witzel e o prefeito Marcelo Crivella pela gestão da Passarela do Samba. De início, o prefeito disse que não se importaria em ceder a área, desde que o governador levasse também hospitais da Zona Oeste. Na semana passada, Witzel e Crivella teriam chegado a um acordo para transferir a estrutura ao estado, já a partir de 2020. A ideia é que o local receba obras orçadas em R$ 10 milhões.O fato é que o Sambódromo não pode ser moeda de troca entre políticos. E, independentemente de ficar com a prefeitura ou com o estado, ele precisa, acima de tudo, ser bem administrado. É inconcebível que o palco da maior festa popular do Rio, responsável por atrair grande número de turistas à cidade, não tenha licença dos bombeiros. Os sinais de abandono estão por toda parte: buracos na arquibancada, vergalhões à mostra, fios aparentes, banheiros precários. O luxo que desfila pela passarela contrasta com o lixo ao redor. Parece até enredo de escola de samba.

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