Prédio foi ocupado durante cerca de 24 horas por manifestantes, que foram agredidos por guardas municipais
Por volta das 16h desta sexta-feira (1), após cerca de 24 horas de ocupação, os manifestantes – em sua maioria, professores da rede municipal de ensino – deixaram o Paço Municipal Maria Quitéria, prédio onde fica a sede da prefeitura de Feira de Santana. A saída só aconteceu por conta de uma liminar expedida pelo juiz Nunisvaldo dos Santos, da 2ª Vara da Fazenda Pública, que determinava a desocupação imediata, com multa de R$5 mil a cada hora de permanência. Durante a permanência, houve conflito com guardas municipais e pessoas ficaram feridas. O prédio passará por perícia.
“Após mais de 24h de resistência de professores, estudantes e militantes, que permaneceram bravamente na prefeitura em luta pela educação, mesmo sob violência e abusos ordenados pelo prefeito Colbert Martins (MDB), a ocupação chegou ao fim na tarde desta sexta-feira (1)”, publicou nas redes sociais o vereador Jhonatas Monteiro, que mediava as negociações entre professores e guardas municipais. “A população não esquecerá a truculência deste que se diz prefeito. Não tem dignidade para estar no cargo que ocupa! Feira de Santana é maior do que Colbert Martins. A greve de professoras e professores continua e a luta segue!”, completa a publicação.
Os trabalhadores da educação de Feira de Santana decretaram greve na quinta-feira (31) após tentativas frustradas de acordo com a prefeitura e saíram às ruas com o grito “Professor na rua! Colbert, a culpa é sua!”. Cerca de 150 professores, vereadores e integrantes de movimentos sociais adentraram o Paço Municipal durante a tarde. O motivo é a reivindicação por melhores condições de trabalho, melhores salários e melhoria da educação na rede pública municipal de ensino.
Reivindicações
Entre as reivindicações dos professores estão o pagamento dos precatórios do Fundef (conjunto de fundos contábeis formado por recursos dos três níveis da administração pública do Brasil para promover o financiamento da educação básica pública), enquadramento, licença prêmio em pecúnia, mudança de referência e pagamento integral dos salários. Os professores pedem, principalmente, o cumprimento da lei federal 11.738/2008 que determina que estados e municípios atualizem do Piso salarial do Magistério em 33,24% neste ano de 2022.
Além disso, a categoria também denuncia a precariedade da educação pública municipal de Feira de Santana, citando faltam professores e funcionários, má qualidade e falta da merenda escolar, falta de materiais e reivindicam reformas das escolas, dentre outras questões importantes.
“Nós professores estamos passando por muita dificuldade, os salários estão sendo pagos em parcelas”, diz a diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (APLB) de Feira de Santana, Marlede Oliveira. Ela ainda diz que houve tentativa de diálogo e negociação por parte da categoria. “O prefeito não dá resposta. A gente tentou negociação, diálogo, mas não houve acordo, então partimos para a greve. O prefeito não foi até a prefeitura conversar com a gente, só recebemos a truculência da Guarda Municipal. Na sexta à noite, os manifestantes foram atingidos por gás de pimenta, teve gente machucada”, completa a diretora.
Confusão e agressões
Os manifestantes denunciam agressões cometidas por guardas municipais na tarde e noite de quinta (31) e na manhã de sexta (1). Vídeos circulam nas redes sociais com imagens que mostram cassetetes e gás de pimenta sendo utilizados contra os ocupantes do prédio. Professores passaram mal e ficaram feridos e precisaram de atendimento médico. (correio24hs)