Por Olívia Coutinho
A liturgia deste tempo Quaresmal, nos convida a contemplar o rosto desfigurado de Jesus, no semblante dos muitos irmãos esquecidos nas periferias da vida, pessoas ceifadas até mesmo do seu direito à vida. A desigualdade social, uns com tanto, outros sem nada, fere o coração de Jesus como aquela lança, que pelas as mãos de um soldado, perfurou o seu lado… A palavra de Deus, dirigida a nós, no evangelho de hoje, mostra-nos, através de uma parábola, uma realidade que o cristão verdadeiro não pode conformar: a injustiça social. Não podemos fechar os olhos diante desta triste realidade que aí está: irmãos nossos, vivendo às margens da sociedade, sobrevivendo das migalhas que caem da mesa daqueles que retém para si, o que de direito, pertence a todos. Com esta parábola, Jesus nos alerta, sobre a importância de ampararmos os pobres, como que dizendo: “cuidem bem dos pobres, pois são eles, os amigos de Deus, que abrirão as portas do céu para vocês!” Na parábola, Jesus não cita o nome do rico, somente o nome do pobre, que chamava Lázaro, o que confirma a sua predileção pelos os pobres, estes, Jesus conhece pelo o nome! Como podemos perceber, na parábola, o rico não chegou a maltratar Lázaro diretamente, o seu pecado, foi, ignorá-lo, foi por causa da sua indiferença a um pobre, que ele perdeu a oportunidade de alcançar, através da caridade, a sua vida eterna. É importante consciencializarmos: Deus não condena os ricos propriamente dito, o que Deus condena, é a não partilha, o mal uso da riqueza, o enriquecimento ilícito às custas do empobrecimento dos outros. A condenação do rico da parábola, não foi pelo o fato dele ser rico, e sim, pelo o bem que ele deixou de fazer a uma pessoa faminta. Podemos comparar o rico desta história, com aqueles que detêm o poder e com muitos de nós, que dizemos seguidores de Jesus, mas que na prática, ignoramos os prediletos de Deus, que são os pobres. O Lázaro representa o povo ignorado, o povo sofrido e oprimido, e como existe Lázaros espalhados pelo o mundo afora… Um outro ponto que deve chamar a nossa atenção nesta parábola, é que Lázaro, mesmo sendo pobre, sobrevivendo das migalhas que caía da mesa do rico, não reclamava da vida, o que vem nos dizer, que ele tinha total confiança na promessa de Deus, promessa esta, que se cumpriu, com o seu acolhimento no céu. O texto, deixa claro, que é impossível transpor o abismo que separa o inferno do paraíso. A ponte que nos liga ao céu, deve ser construída aqui na terra, no aqui e no agora, através de nossos gestos concretos de amor ao próximo, depois da nossa passagem, não há como construí-la. Não esperemos que o pobre venha até a nós para que possamos ajudá-lo, a exemplo de Jesus, vamos até ele, certifiquemos de suas necessidades, conheçamos a sua história, demonstremos carinho, interesse por ele, e não esqueçamos: a fome do pobre, nem sempre é só de pão, é também fome de amor… Como filhos e filhas do mesmo Pai, irmãos em Cristo, formamos uma só família, portanto, somos corresponsáveis pela vida do outro. Se o problema do nosso irmão, chegou ao nosso conhecimento não podemos transferi-lo para outros, somos nós mesmos que devemos abraçá-lo. Quantas vezes passamos por um pobre e não o enxergamos, pior ainda, é quando o enxergamos, mas para justificar a nossa impassibilidade diante a seu sofrimento, o culpamos de sua pobreza, taxando-o de preguiçoso, vagabundo, sem nem mesmo conhecer a sua história… É bom tomarmos consciência, de que no nosso julgamento final, seremos muito mais cobrados pelo o bem que deixamos de fazer, do que pelo o que fizemos de errado. O que vai nos salvar, não são as nossas orações bonitas, o símbolos religiosos que carregamos, a quantidade de missas que participamos, e sim, o nosso amor a Deus transformado em serviço, o amor vivido na prática… No rosto desfigurado do pobre, está estampado o rosto de Jesus, ignorar o pobre é ignorar o próprio Jesus…
QUE DEUS ABENÇOE A TODOS!
FIQUEM NA PAZ DE JESUS!
Reflexão de Olivia Coutinho