Menina conta que ambos faziam uma atividade de recorte quando o garoto brigou com um colega: “aí ele veio com a tesoura do lado do meu olho”
A prima da menina Raíssa Eloá Caparelli Dadona afirmou que quase perdeu a visão após uma briga com o adolescente de 12 anos suspeito de ter cometido o crime. O corpo de Raíssa, de 9 anos, foi encontrado amarrado em uma árvore no Parque Municipal Anhanguera, na zona norte de São Paulo, no início da tarde do domingo (29).
“A gente estava fazendo uma atividade e ele estava do meu lado, a professora chamou a atenção dele porque ele estava brigando com o menino e aí ele estava com a tesoura, que a gente tava recortando revistinhas. Aí ele veio com a tesoura aqui do lado do meu olho”, disse a garota à Record TV.
A prima de Raíssa não sabe dizer qual teria sido o motivo que levou à tentativa de agressão. “Não teve (motivo). Não que eu sabia se ele tinha alguma coisa comigo. Eu estava do lado e me lembro que falei ‘calma, calma’ e aí acho que ele ficou mais nervoso ainda e veio com a tesoura do meu lado.”
De acordo com o delegado Luiz Eduardo Maturano, o garoto não demonstrou tristeza ou arrependimento. “Nos conseguimos obter várias informações que indicam a presença do adolescente de 12 anos na cena do crime.”
Depoimento à polícia
O adolescente, de 12 anos, apontado como responsável pela morta da menina Raíssa Eloá, disse em seu último depoimento à Polícia Civil, na madrugada desta terça-feira (1), que brincou com a menina no Parque Anhanguera, zona norte de São Paulo, antes de agredi-la. O garoto foi ouvido pela Promotoria da Infância e Juventude do Ministério Público e deverá permanecer internado na Fundação Casa.
De acordo com o depoimento, revelado pelo delegado Luiz Eduardo Marturano, do DHPP (Departamento de Homícidio e Proteção à Pessoa), por algum motivo que o menino não falou os dois começaram a brigar. Ele a agrediu fisicamente com as mãos e usando o graveto de uma árvore. Em seguida, o garoto a amarrou pelo pescoço em uma árvore e repetiu a agressão até matá-la.
Ainda segundo Marturano, após o crime, o adolescente chamou um Guarda Civil Metropolitano informando que havia encontrado um corpo dependurado na árvore.
Ao mesmo tempo que a GCM acionava a polícia e registrava o caso como encontro de cadáver não identificado, a mãe de Raíssa e funcionários do CEU Anhanguera a procuravam na unidade escolar onde acontecia a festa que eles participavam.
Raíssa e o adolescente moravam na mesma rua. Eles estavam juntos na festa e a menina havia ficado na fila com o garoto enquanto a mãe buscava pipoca para eles.
Depois de apontar onde o corpo da jovem estava, o adolescente voltou para casa e confessou para mãe que cometeu o crime. Outros familiares do menino foram acionados e, assim que souberam, foram à polícia prestar depoimento.
Na Polícia Civil, a mãe do adolecente disse tudo que ele contou. No entanto, ele mudou de versão e disse que o assassinato teve participação de uma terceira pessoa. Depois, voltou atrás e confirmou a versão que havia falado anteriormente para mãe, confessando o crime.
O menino não disse quais foram as motivações para o crime. Para o delegado Eduardo Marturano, essa caso se resume na palavra “tragédia”, tanto para a família de Raíssa, como do adolescente.
Investigações prosseguem
Marturano afirmou que a Polícia Civil deve aguardar o laudo pericial para saber as causas da morte, fazer a avaliação psicológica do adolescente e outros depoimentos para dar continuidade às investigações.
Apesar de a última versão do menino apontar que agiu sozinho, o delegado afirma que nenhuma outra possibilidade ou participações foram descartadas. (R7)