O número de corpos no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro subiu para nove, segundo moradores. Após o segundo dia de confronto entre PMs e criminosos, os próprios moradores da comunidade das Palmeiras tiveram que fazer a retirada das vítimas.
Entretanto, a Polícia Civil informou que a Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo foi à comunidade e que oito mortos foram localizados por moradores e que ainda não foram identificados. As equipes também realizam as primeiras diligências nas localidades onde houve confrontos para a coleta de elementos informativos que possam ajudar a esclarecer a dinâmica do evento.
No último sábado (20), o sargento Leandro da Silva morreu durante um tiroteio na região. Ontem, a ação do Bope aconteceu em uma zona de mangue e mata – região de difícil acesso, como afirmou o porta-voz da PM, Tenente Coronel Ivan Bláz.
Além dos representantes da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, defensores do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos vão à comunidade na tarde desta segunda-feira (22). Outras instituições de direitos humanos também irão coletar informações sobre o ocorrido para ajudar as famílias das vítimas.
A Secretaria de Estado de Educação informou que o Colégio Estadual Armando Gonçalves e o Ciep 430 – Carlos Marighella interromperam as atividades no turno desta manhã. Em nota, a Seeduc afirmou que as unidades escolares tem autonomia para tomar providências no sentido de garantir a integridade física de seus alunos, professores e funcionários. Os conteúdos das aulas perdidas serão repostos.
De acordo com os dados Fogo Cruzado, foram registrados 58 chacinas no Grande Rio em 2021, nas quais 242 pessoas morreram. O Instituto considera chacina quando há três ou mais mortos a tiros numa mesma ocasião. Dos casos mapeados, 43 ocorreram durante ações ou operações policiais: deixando 184 mortos.
Em maio, a favela do Jacarezinho sofreu uma das maiores chacinas da história do Rio de Janeiro, com 29 pessoas mortas. O episódio fez parte de uma operação da Polícia Civil contra o tráfico de drogas.
Posicionamento da Faferj
No dia 23 de outubro, representantes da Faferj (Federação das Associações de Favelas do Rio de Janeiro) estiveram na quadra do Salgueiro, no Complexo em São Gonçalo. Cerca de 30 Lideranças Comunitárias compareceram para fundar uma Sede Regional no encontro.
Menos de duas semanas depois, no dia 4 de novembro, Dia da Favela, a organização fez a Marcha das Favelas em frente à Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro). Na ocasião, mais de 1.000 moradores de comunidades se reuniram.
De acordo com a presidente da Faferj, Estephani Nunes, a Federação cobrava uma intervenção social no Complexo do Salgueiro há 15 dias, no Palácio Guanabara.
“Lembramos que essa comunidade está abandonada há anos com baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), fome, ausência de saneamento básico e outros direitos sociais. A violência precisa ser combatida na sua raiz com projetos sociais e urbanização da comunidade. A Política de Segurança deve se basear na garantia de direitos e não em chacinas como a desse final de semana.”, afirmou a instituição pelas redes sociais. (R7)
*Estagiária do R7, sob supervisão de PH Rosa