Medida ocorre em protesto contra a abertura nesta semana de uma representação da ilha na capital do país báltico, Vilnius
A China anunciou neste domingo, 21, que vai reduzir suas relações diplomáticas com a Lituânia ao nível de “encarregado de negócios”, um dos mais baixos na escala da diplomacia. A medida ocorre em protesto contra a abertura nesta semana de uma representação de Taiwan na capital do país báltico, Vilnius, um episódio que irritou o regime de Pequim. “O governo chinês foi forçado a reduzir as relações diplomáticas entre os dois países […] para salvaguardar a soberania e as normas fundamentais das relações internacionais”, indicou o Ministério das Relações Exteriores da China, em comunicado. A Lituânia mantém relações diplomáticas com a China desde 1991, pouco depois de se ter tornado independente da antiga União Soviética. Apesar de não reconhecer oficialmente Taiwan, o país tem estreitado, nos últimos anos, o relacionamento com o território de 23 milhões de habitantes, governado de forma autônoma desde 1949 e cujo status é contestado pela China. Pequim ainda instou o país báltico a “corrigir imediatamente os seus erros” e advertiu que o governo de Vilnius “não deve subestimar a determinação do povo chinês na defesa da sua soberania” e que as ações do país europeu criam “um mau precedente”. O governo chinês ainda acusou as autoridades lituanas de “ignorarem as declarações chinesas” e de “não estarem conscientes das consequências” da decisão de autorizar a abertura de um gabinete de representação de Taiwan, o que “mina seriamente a soberania e a integridade territorial da China”, de acordo com o mesmo comunicado. Nesta semana, as autoridades de Taiwan indicaram que a representação em Vilnius visa “expandir as relações com a Europa Central e Oriental, especialmente com os países bálticos, e reforçar a cooperação e o intercâmbio em vários domínios”. Taiwan possui outros escritórios de representação na Europa e nos Estados Unidos, mas eles usando usam o nome da capital da ilha, Taipé, evitando uma referência à própria ilha, como forma de evitar irritar os chineses. Já o escritório em Vilnius foi aberto, com aval das autoridades da Lituânia, com o nome da ilha, que também já foi conhecida como Formosa no passado. Por seu lado, o vice-ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Mantas Adomenas, também anunciou a abertura em Taiwan de uma representação lituana, ainda antes do início do próximo ano. Neste domingo, o governo lituano afirmou lamentar a decisão da China. “A Lituânia reafirma a adesão à política ‘Uma China’, mas ao mesmo tempo tem o direito de alargar a cooperação com Taiwan”, incluindo através do estabelecimento de missões não diplomáticas, indicou, em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores lituano. No ano passado, políticos e figuras públicas lituanos enviaram uma carta assinada ao Presidente lituano, Gitanas Nauseda, em que pediam que o país báltico apoiasse a independência de Taiwan e a admissão da ilha na Assembleia Mundial da Saúde. Taiwan ou Taipé mantém atualmente relações diplomáticas com Guatemala, Honduras, Vaticano, Haiti, Paraguai, Nicarágua, Suazilândia, Tuvalu, Nauru, São Vicente e Granadinas, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia, Belize, Ilhas Marshall e Palau.
Revista Oeste com informações dos portais Deutsche Welle e Lusa