Certo apenas o fato de que Moro não poderá ambicionar uma vaga no STF; se quiser seguir na vida pública, a única opção é a via político-partidária-eleitoralPor Dora Kramer/VEJA
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro (Adriano Machado/Reuters)A nova leva de mensagens trocadas pelo então juiz Sergio Moro com procuradores da Operação Lava Jato, publicadas na edição desta semana de VEJA, requer uma avaliação diferenciada sobre a repercussão na decisão a ser tomada pelo Supremo Tribunal Federal sobre a suspeição dele no caso Lula/triplex e na reação da opinião pública. A reportagem feita em parceria com o site Intercept Brasil não “bate” da mesma maneira nesses dois ambientes.Na Justiça pode ser que os diálogos influenciem a posição do STF, embora o voto do ministro Celso de Mello considerado crucial já estivesse pronto antes da publicação desta sexta-feira, 5. No STF sempre pode haver mudanças de posições até a decretação do resultado do julgamento. No âmbito judicial, a situação de Moro pode se complicar. Não porque as mensagens mostrem produção de provas falsas, mas devido à evidência de que Moro atuou como ministro de instrução, figura inexistente na nossa legislação.Na opinião pública, e aqui entramos no terreno político, nada indica que possa haver maiores danos além dos já provocados entre aqueles que questionam a posição de Moro desde que ele aceitou ser ministro da Justiça. Seu núcleo de apoiadores mais fiéis não se abala com isso. Ao contrário, ignora o valor dos ritos legais e celebra o papel de justiceiro.Esses dois agrupamentos não “conversam” entre si. Quer dizer, um Moro popular não significa um Moro imune à lei. Lula é popular e está preso com mais seis processos nas costas. Não há, por isso, risco a “desmonte” da Lava Jato semelhante ao que ocorreu às Mãos Limpas na Itália.Certo apenas o fato de que Moro não poderá ambicionar uma vaga no STF e que, se quiser seguir na vida pública, sua única opção é a via político-partidária-eleitoral, cujos desmandos combateu como juiz