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Fux ‘joga lenha na fogueira’ da briga com o Planalto voltando a falar em ditadura

por Ornan Serapião
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Presidente do STF optou por prolongar a animosidade que parecia ter diminuído com o arquivamento do impeachment de Moraes

Ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal. Foto: Nelson Jr./SCO/STF

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, realizou pronunciamento, nesta quinta-feira (26), jogando “lenha na fogueira” da briga com o presidente Jair Bolsonaro, ao mencionar “ameaças” de “ditadura sectária”, destoando dos esforços de políticos e até mesmo membros do próprio STF para reduzir a animosidade entre o Executivo e o Judiciário.

Durante discurso em evento de investidores, um dia depois de o comandante do Exército elogiar publicamente a democracia, as liberdades e as instituições democráticas, o ministro voltou a falar em ditadura e dizendo que o pedido de impeachment de um ministro do STF é um “remédio extremo”.

Ao contrário da alegação de Fux, o jurista Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, reconheceu a inconsistência do pedido de impeachment, afinal negado, mas afirmou que o presidente da República tinha direito à iniciativa, como qualquer cidadão.

“Não é possível no país que decisões judiciais sejam criminalizadas. Aqueles que não aceitam decisões judiciais devem se utilizar dos recursos próprios, das vias próprias jurisdicionais, e não do impeachment, porque o impeachment, tem, digamos assim, uma roupagem de ameaça, de cassação de um juiz por suas opiniões”, disse Fux. “O impeachment e um remédio extremo”, afirmou o presidente do Supremo.

As declarações de Fux foram feitas um dia depois de o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), ter rejeitado um pedido de impeachment contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, que havia sido apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro.

Fux defendeu decisões recentes de Moraes que foram tomadas mesmo sem manifestação prévia da Procuradoria-Geral da República (PGR), como a prisão do ex-deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB.

“Se há uma ameaça, a ameaça já é passível de intervenção pelo Judiciário”, disse Fux. “Se nós sabemos que estão sendo arquitetados atos antidemocráticos, que podem gerar consequências gravíssimas, é dever do Judiciário utilizar a chamada tutela de urgência”, acrescentou ele.

“Se um cidadão anuncia que já está montando uma operação para invadir o Supremo Tribunal Federal, nós vamos esperar essa invasão? Não, temos de agir imediatamente, e posteriormente enviar para o Ministério Público, como ocorreu com o inquérito da fake news”, disse o presidente do STF.

As falas foram dadas durante evento organizado por uma casa de investimentos. Fux participou de um painel com o título “Democracia e Segurança Jurídica: caminhos para o desenvolvimento”, na manhã desta quinta-feira (26).

Precatórios

Questionado sobre uma solução para o pagamento de precatórios pelo governo federal, Fux disse não ser possível um “parcelamento infinito” da dívida.

O tema encontra-se em discussão no Congresso por meio de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) apresentada pelo governo em 9 de agosto. Na proposta, está previsto, em alguns casos, o parcelamento em até 10 vezes.

“Nós já assistimos esse filme, de emendas constitucionais que preveem parcelamento infinito e são depois consideradas inconstitucionais. E isso gera uma insegurança muito grande no mercado”, disse Fux.

Na última terça-feira (24), Fux recebeu em seu gabinete o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para debater o tema. Na ocasião, o presidente do Supremo sinalizou que a Corte aguardaria a apreciação do assunto pelo parlamento.

Nesta quinta (26), Fux disse que deve propor uma solução que prevê “microparcelamentos”, além da publicação de uma resolução pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para regulamentar a postura dos tribunais em relação ao assunto. “A grande regra seria a seguinte: calote nunca mais”, afirmou o ministro. (Diário do Poder)

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