Tribunal Superior Eleitoral aprovou um pedido ao Supremo Tribunal Federal para que o presidente seja investigado no inquérito que apura a disseminação de fake news
DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO
JP
O presidente Jair Bolsonaro voltou a subir o tom contra o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). Dessa vez, recado foi na frente de apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, em Brasília. “Se o Barroso acha que ele pode passar por cima do artigo 5º da Constituição, das nossas garantias e direitos individuais, ele tá enganado”, afirmou, destacando que o assunto “não é o caso para mostrar que eu ou ele é mais macho”. O mandatário chegou a se irritar quando um apoiador voltou a repetir a expressão. “O negócio é sério. Não é uma briga de quem é mais macho, mas é demonstrar quem respeita ou não a nossa Constituição. A alma da democracia é o voto e o povo tem que ser a certeza absoluta que o voto dele foi para aquela pessoa, não pode ter dúvida disso”, disse, ressaltando que não vai se intimidar. “Não aceitarei intimidações. Vou continuar exercendo meu direito de cidadão, de liberdade de expressão, de crítica, de ouvir e atender, acima de tudo, a vontade popular”.
Não é novidade que Bolsonaro e o ministro Barroso trocam farpas sobre a necessidade do voto impresso nas eleições de 2022. Desde que assumiu o cargo, o presidente tem afirmando que houve fraude nas eleições de 2018, sem nunca ter apresentado provas. Nesta terça-feira, o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Sarrubo, emitiu uma nota criticando o presidente da República. Ele disse ser contra os ataques feitos por Bolsonaro ao sistema eleitoral brasileiro, afirmou que atuou fiscalizando todas as eleições e garantiu que o sistema é “à prova de fraudes”. Sarrubbo pontuou ainda que é um desserviço ao país a transformação do debate sobre urna eletrônica e voto impresso “em uma escalada de declarações destemperadas”, como vem fazendo o presidente. As declarações do procurador-geral se somam a outras tantas externadas por instituições e autoridades. Até mesmo o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, amigo pessoal do presidente Jair Bolsonaro, tratou de esfriar as intenções do mandatário.
“A questão do voto impresso está sendo tratado na comissão especial. O resultado impactará na Câmara se esse assunto vier ao plenário ou não. Na minha visão, tenho deixado claro que já existe uma PEC aprovada no Senado desde 2015 com relação ao voto impresso e o Senado nunca se debruçou. Portanto, eu venho dizendo que o foco está errado”, disse. No entanto, o assunto ainda não está encerrado para o presidente. Ele pretende realizar mais um ato a favor do voto impresso em São Paulo, embora a data ainda não esteja definida. Diante de tantas acusações, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou por unanimidade um pedido ao STF para que Bolsonaro seja investigado no inquérito que apura a disseminação de fake news. O pedido de apuração é baseado nos constantes ataques, sem provas, feitos pelo presidente às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral do país.