A atriz e cantora dá continuidade à narrativa iniciada com seu livro autobiográfico lançando o EP ‘Basta Sentir Deus’ com música em forma de oração. Mariana fala do mergulho contínuo em autoconhecimento e diz que tem preferido pagar ataques nas redes com amor na vida: “As pessoas estão colocando esse olhar amargurado diante da vida, dos outros, mais para fora ultimamente. E quando pensamos neste assunto, as redes sociais se tornam um problema”. E acrescenta:: “Fiz essas músicas como se fossem orações mesmo, para mim, são minhas conversas com Deus. Sobre essa viagem, só fiz porque foi com toda segurança. As pessoas sempre vão falar. Mas vou te dizer, nunca liguei para o que os outros falam, a vida inteira foi assim. Agora vão falar que virei cantora gospel, porque estou cantando músicas de Deus, deixa falarem. Não me rotulo, isso às vezes vira uma questão, mas sigo a minha linha, não a dos outros”.
Publicado em 25/06/2021 | Por Heloisa Tolipan
Mariana Rios (Foto: Guilherme Nabham)
*Por Brunna Condini
Desde o ano passado, Mariana Rios embarcou em uma jornada rumo a um mergulho em ‘águas profundas’, como já bem traduziu o cineasta David Linch sobre seu próprio processo de autoconhecimento. Para além dos clichês que cercam o tema, a atriz e cantora vem estudando com dedicação e experimentando ampliar suas ferramentas para a realização do que deseja. Aliás, ela sem dúvida é gente que realiza.
Em entrevista ao site direto da casa que está hospedada em Porto de Pedras, Alagoas, onde passa dias de descanso, Mariana fala sobre o tema e também sobre o novo projeto musical, ‘Basta Sentir Deus‘.
“Tenho recebido muito amor com esse trabalho. Se pensarmos, o preconceito pode acontecer pra tudo. Se alguém quer falar mal de você, vai arrumar um assunto, pode crer” (Foto: Guilherme Nabham)
O EP autoral apresenta músicas como forma de oração, além de videoclipes que dão vida a cada composição. “É um projeto paralelo aos outros e uma extensão do meu livro. É especial e está em um lugar de muita verdade. Dois anos antes da pandemia, estava trabalhando muito, tive questões sérias de saúde, estava muito estressada e tudo virou uma bola de neve. Foi quando a humanidade precisou se isolar, sem a loucura do dia a dia, e eu também voltei os olhos para mim. Precisei me acalmar para entender o hoje e para saber o que não desejo mais. Fui estudar, desenvolver essa parte mais espiritual, escrevi meu livro. Desejei olhar pra vida de forma diferente. Neste processo, o EP nasceu em 2 de abril, uma Sexta-feira Santa. Nesse dia, eu não estava muito bem, tinha uma sensação de que estava absorvendo as questões que o mundo está passando e vivendo nesse momento. Então, de manhã bem cedo, sentei no piano e compus quatro músicas”, lembra Mariana.
Quando questionada se não teme preconceito do público por agora fazer um trabalho ligado à espiritualidade, ela responde com serenidade: “Tenho recebido muito amor com esse trabalho. Se pensarmos, o preconceito pode acontecer para tudo. Se alguém quer falar mal de você, vai arrumar um assunto, pode crer. Por isso, faço o que me faz feliz, tenha certeza. Uma hora canto pop, agora canto para falar com Deus, faço série, já fiz e ainda quero fazer novelas, mas tenha certeza, estou fazendo inteira e porque sei exatamente o que quero, o que me faz feliz, satisfeita”.
“Fiz essas músicas como se fossem orações mesmo, para mim, são minhas conversas com Deus” (Foto: Guilherme Nabham)
Em abril deste ano, pouco depois de lançar seu primeiro livro “Basta Sentir”, no qual aborda sua história e o método pessoal de autoconhecimento que desenvolveu desde a infância, ela viajou para as Ilhas Maldivas. Foi lá, após uma série de críticas que recebeu de internautas por viajar na pandemia, que a atriz de 35 anos teve inspiração para escrever as canções que lança agora.
“Fiz essas músicas como se fossem orações mesmo, para mim, são minhas conversas com Deus. Sobre essa viagem, só fiz porque foi com toda segurança. As pessoas sempre vão falar. Mas vou te dizer, nunca liguei para o que os outros falam, a vida inteira foi assim. Agora vão falar que virei cantora gospel, porque estou cantando músicas de Deus, deixa falarem. Não me rotulo, isso às vezes vira uma questão, mas sigo a minha linha, não a dos outros. Quando tenho que tomar minhas decisões, sento com as pessoas que tenho confiança para conversar. A opinião delas vale muito, mas quem decide sou eu sempre. Sou fiel a mim, faço o que desejo na vida”.
E reflete: “As pessoas estão colocando esse olhar amargurado diante da vida, dos outros, mais para fora ultimamente. E quando pensamos neste assunto, as redes sociais se tornam um problema. Então, peguei esses ataques, esse ódio que veio em minha direção, e fiz algo bom. A energia do outro pertence a ele. Cada um dá o que tem para oferecer”.
“Precisava deste mergulho em mim, deste mergulho profundo, tinha quer ser um tempo meu” (Foto: Guilherme Nabham)
Prazer em se reconhecer
Além do EP, Mariana assinou com a Netflix e estará na nova série original do streaming “De Volta aos 15”. Baseada no livro homônimo de Bruna Vieira, na produção ela contracena com Camila Queiroz e Maisa Silva. “Quando me chamaram, eu já estava há muito tempo sem atuar. Por escolha, queria desenvolver outras vertentes minhas que estava de lado, como a música, mas adoro atuar. Me deu muita vontade de fazer a série e consegui conciliar com as outras atividades”, conta. “Já terminei de gravar e deve estrear ano que vem. É uma história divertida, leve. Estava com saudade de interpretar”.
Ela revela que o coração está tranquilo e que segue cercada pelo amor da família e das amigas: “Precisava deste mergulho em mim, deste mergulho profundo, tinha quer ser um tempo meu”. Com saudade dos shows presenciais, o que não falta são projetos e planos sendo desenvolvidos até que este momento chegue. “Não consegui nem trabalhar direito o meu EP anterior, o ‘Eu e você’. Quero continuar esse projeto musical que já estava no planejamento. Também pretendo avançar com esse de músicas para Deus, já tenho mais 10 composições. Além disso, tem outro livro, que escrevi de fevereiro para cá. Mas vamos lançar ano que vem, porque assim que os encontros forem possíveis, vou lançar as palestras presenciais, que são uma extensão do trabalho do primeiro livro. Vou criando muito enquanto isso”.
Mariana afirma que tem tido prazer em se reconhecer através das transformações que vem vivendo. E identifica os ganhos. “A ansiedade foi embora, tenho muito mais calma. Meu olhar para a vida é diferente. A paciência com as pessoas. Estou cada vez mais ligada ao que é de verdade”, enumera. “Sempre tive uma ligação grande com a minha família, com quem cresceu comigo e isso está mais forte. Também tenho pensando mais em mim. Primeiro eu, senão não consigo ser feliz com o outro. Primeiro precisamos cuidar da gente. Nos amar para dar amor. Primeiro precisamos colocar a ‘máscara de oxigênio’ na gente para ajudar o outro. Tenho visto tudo como forma de crescimento, evolução. É logico que tenho meus momentos, com tudo que está acontecendo no mundo. Mas tento emanar boas energias. A diferença é como lido com tudo. Como você vai se relacionar com seus problemas, que caminho você quer seguir? É isso que é determinante”. (https://heloisatolipan.com.)
