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Tabatha Aquino: cantora que viralizou após vídeo no metrô canta no Rock In Rio

por Ornan Serapião
5 minutos para ler

Ela vai se apresentar com uma orquestra no festival

Em fevereiro, Tabatha Aquino, 22 anos, virou webcelebridade da noite para o dia. Resolveu ir cantar no metrô com sua filha Nicole, de 4 anos, no colo – como já costumava fazer. Só que dessa vez alguém sacou o celular e fez um vídeo com ela soltando a voz numa cover de ‘Apaga a Luz’, de Gloria Groove. A versão feita por Tabatha no vagão acabou viralizando e sendo vista por muita gente – inclusive a própria Gloria, com quem ela até já dividiu o palco.

“Não entendi o que estava acontecendo, mas depois fiquei muito emocionada. Nessa hora passam muitas coisas na cabeça, mas o principal era não me deslumbrar”, diz, rindo, Tabatha, hoje contratada pela Sony (pela qual lançou o single ‘Seja Liberdade’) e com uma data esperando por ela no Rock In Rio, num palco institucional de empresa, logo no primeiro sábado do evento.

Se ela está alegre com o show? “Imagina se não, será uma experiência única, de grande importância e um aprendizado para mim enquanto artista! Vou cantar com uma orquestra. É um sonho, né? Eu com 23 anos, das ruas e metrôs para o um evento a nível internacional?”, anima-se a cantora, que recebeu mensagens de famosos como Paolla Oliveira e Daniela Mercury quando o vídeo viralizou. Diz que adoraria ter mais contato com essas celebridades, mas prefere não incomodar. “Sei que algumas acompanham meu trabalho, mas as pessoas têm a vida corrida. Não quero ser inoportuna, né?”

Nos bastidores

Tabatha relembra histórias do dia em que brilhou muito no metrô. “Lembro que trabalhei intensamente naquele dia, e em todos os vagões que cantei anunciei minhas redes sociais. No último vagão do dia, já estava exausta e preocupada com minha filha”, recorda.

Nessa hora, Tabatha estava quase sem forças, mas ouviu pessoas pedindo para ela cantar e encarou. “Eu cantei sentada mesmo. E tirei força da alma nesta hora, nem anunciei meu nome, nem as redes sociais. Eu viralizei e dormi às 4 horas da manhã tentando responder as mensagens de carinho”, conta. “Eu quero muito poder fazer um clipe exaltando a arte de rua, a ‘voz da rua’. Ela fala e muita gente não ouve. E tem arte dentro dos vagões”.

Dificuldades

Tabatha não teve vida fácil. Foi criada andando pelas ruas do Centro do Rio. “Era um parque, ora de diversão, ora de horrores”, conta. Foi “perdida” pelos pais e levada para um orfanato, onde foi adotada por uma mulher – por acaso sua tia. Só foi voltar a ter contato com a mãe biológica aos onze anos.

“Sempre fui a estranha, tinha muitos traumas e medos, não dormia bem e tinha muita dificuldade em aprender. Graças a Deus tive uma ótima explicadora que pra me alfabetizar criava músicas com os deveres e ficava após o horário comigo para me ajudar a falar melhor, já que tinha dificuldade em me expressar e falava muito errado”, explica ela, que teve problemas com machismo e racismo por vários anos.

“As mulheres negras não são apenas hipersexualizadas, mas também colocadas assim na maioria das vezes por homens negros, que deveriam nos entender e proteger. Mas isso não é um desprivilegio da negra apenas. É da mulher, seja qual for a raça. Mas isso não é um desprivilegio da negra apenas. É da mulher, seja qual for a raça”, conta. “E precisamos entender que para o negro em geral, sim, tudo é mais difícil se ele não for abastado. Ou uma deusa ou um deus do ébano, digamos”.

Por sinal, Nicole é a maior fã da mãe. “Ela sabe cantar todas as minhas músicas e repete várias vezes ao dia que sou a melhor, a mais maravilhosa, e que quer ser como eu. Me pergunta como faz para cantar como eu, diz que também quer ser cantora… Somos muito amigas. Já passamos poucas e boas juntas, mas ela mesmo com tão pouca idade é parceira”, conta, recordando. “Já houve dia de não termos o que comer e termos que ir para o metrô para fazer o dinheiro da comida. E ela sempre otimista: ‘Vamos mãe, você vai cantar lindo e vamos almoçar já já’. Isso nos alegra. Corta o coração, né? Mas também nos dá força”. (O Dia)

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