REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS
SAULO ARAÚJOsaulo.araujo@metropoles.com
Morreu na tarde deste domingo (15/09/2019) a bombeira militar que foi eletrocutada quando atendia uma ocorrência. O batalhão onde Marizelli Armelinda Dias estava lotada tentava apagar um incêndio florestal em Taguatinga Norte, quando uma árvore caiu sobre fios de alta tensão. A soldado de 31 anos acabou atingida pelos galhos e pela corrente elétrica. O acidente ocorreu na QNL 2, próximo à Super Adega.A Companhia Energética de Brasília (CEB) cortou a rede para os militares poderem fazer o atendimento. Apesar de um helicóptero ter sido chamado ao local, a mulher foi transferida ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC) de ambulância.
Em estado gravíssimo, os médicos tentaram estabilizá-la por várias horas a fim de poder realizar a transferência para outra unidade de saúde. Segundo a corporação, a bombeira teve fraturas e um provável trauma no crânio. Em nota, o CBMDF informou que o comando do órgão está mobilizado e dando apoio à família.
Recém-formada
Marizelli ingressou no Corpo de Bombeiros na última turma formada na corporação. Colegas de farda a descreveram como alegre e sempre disposta a dar o melhor em prol do próximo.Formada na mesma turma de Marizelli, uma jovem bombeira que não quis se identificar contou à reportagem que a colega era “superguerreira e alto-astral”. “Todo mundo a conhecia”, diz a militar, de 28 anos. “Criava as Charlie Mike (canções militares) e puxava muito as canções”, continua.“Uma tragédia como essa é muito triste. Nos faz repensar várias coisas. Nossa profissão é de risco e isso nos mostra que saímos para salvar vidas, patrimônio. Mas muitas vezes não sabemos se vamos voltar vivos para as nossas famílias, se vamos conseguir nos salvar”.Zelli, como era chamada pelos mais próximos, deixa dois filhos: um menino e uma menina.
Homenagem
No grupo de WhatsApp destinado a informar à imprensa as ocorrências atendidas pelo Corpo de Bombeiros, o tenente Cleonio Dourado de Souza escreveu um texto emocionante sobre a colega:
Leia:
“Nenhum Bombeiro sabe quando o brado será o último. Ninguém sabe. A adrenalina sobe e a vibração toma de conta do sangue vermelho, a nossa cor.Nenhum Bombeiro sabe que aquele deslocamento na viatura pode ser o último. A equipagem às pressas, amplamente treinada, as conversas no trajeto, improvisadas, as risadas, as estratégias da missão. Ninguém sabe quando serão as últimas.O som da sirene rasgando o silêncio das ruas e o ronco das viaturas abrindo caminho em direção ao sinistro, são músicas em nosso ouvido. A gente imagina que sempre as ouviremos outra vez. Vidas Alheias importam mais que as nossas e seguimos em direção ao que destino escalou para aquele dia. Vamos, não sabemos se voltamos, mas vamos. E vamos vibrando. Avante Guarnição. Voamos ligeiros! Para a frente! O que importa a tormenta!?Naqueles eternos instantes entre o brado e o regresso, nossa vida fica nas mãos de Deus. Vidas Alheias e Riquezas Salvar é o nosso lema. É a nossa unissona voz. E como irmãos que somos, estamos na lida, cuidando um dos outros e cumprindo a missão. Não temem da morte os Bombeiros, quando ecoa do alarme o sinal!Mas, algumas vezes, sem que a gente entenda o porque, Deus busca um de nossos anjos-laranja de volta e o transforma em herói, heroína, imortal. Algumas vezes aquele brado, infelizmente, é o último. Algumas vezes aquela Viatura transporta os nossos amados heróis pela última vez. Algumas vezes a sirene é um canto celestial anunciando que as portas do céu se abriram para que Deus incorpore mais um anjo em sua tropa de heróis anônimos.Algumas vezes, Deus leva o nosso irmão, a nossa irmã e todo um Corpo de Bombeiros sente, toda uma tropa chora.Descanse em paz Guerreira Marizelli, seu nome ecoara no livro dos lendários, dos imortais, dos heróis que escrevem a nossa história.Nosso pesar mais sentido e nossa continência mais honrosa à você.Que Deus a receba e conforte o coração da família e amigos neste momento de dor tão grande, sempre confiantes na vida eterna prometida e na bondade e misericórdia de Deus”.