A proposta de reforma tributária apresentada pelo Executivo deve aumentar a carga de impostos referentes às escolas, enquanto os carros de luxo tenderão a pagar menos tributos. A avaliação é do ex-chefe da Receita Federal, Everardo Maciel.
Em entrevista ao jornal O Globo, o tributarista dos governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) entende que a proposta do ministro Paulo Guedes (Economia) tem intenção de cobrar mais do setor de serviços.
“Ele [o governo] faz a seguinte argumentação: realmente tem aumento de carga tributária para empresas de serviços que estão no regime cumulativo. Entretanto, é só para 10% das empresas, porque 90% estão no Simples [Nacional]”, explicou.
Na entrevista, Maciel também comentou a possibilidade de recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), que viria como compensação pela desoneração na folha de pagamentos. Em sua avaliação, a tributação de serviços digitais seria uma alternativa, inclusive já em discussão na França, Itália, Bélgica e no Reino Unido.
No entanto, o momento de pandemia não é o mais adequado para uma proposta de reforma tributária.
“É incompreensível estar discutindo essas coisas quando nós temos, próximo, uma crise apocalíptica, envolvendo emprego, problemas empresariais, problemas fiscais dos estados e dos municípios. O mundo inteiro está lidando com o assunto e estamos nos divertindo com projetos de reforma tributária”, afirmou.