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OPINIÃO DO ESTADÃO – Indústria paulista tem a maior queda desde 2002

por Ornan Serapião
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A produção atual da indústria paulista corresponde a pouco mais da metade do que era produzido há nove anos. Em apenas um mês, de março a abril deste ano, a produção encolheu praticamente um quarto. De acordo com a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Regional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a redução de um mês para outro, de 23,2%, foi recorde de toda a série da pesquisa iniciada em 2002. O principal parque industrial do País, que responde por cerca de 34% da produção nacional do setor, opera num nível que corresponde a apenas 56,8% do que produzia em março de 2011, quando atingiu o pico.

São números e comparações que mostram a intensidade com que a pandemia de covid-19 vem afetando a atividade econômica no País. As necessárias medidas preventivas decididas pelas autoridades que encararam responsavelmente sua obrigação de proteger a saúde da população e evitar danos ainda maiores ao País resultaram em aguda restrição à circulação de bens e pessoas, com as inevitáveis consequências para o comércio, os serviços e a produção.

Na indústria, o impacto é de alcance nacional. Em abril, 13 dos 15 locais pesquisados pelo IBGE registraram taxas negativas na comparação com o mês anterior. Em oito deles, a queda foi a maior da série da pesquisa: Amazonas (-46,5%), Ceará (-33,9%), Região Nordeste (-29,0%), Paraná (-28,7%), Bahia (-24,7%), São Paulo (-23,2%), Rio Grande do Sul (-21,%) e Rio de Janeiro (-13,9%).

Por seu peso na produção industrial do País, São Paulo é a região que teve a maior influência negativa no resultado nacional. “É a terceira taxa negativa consecutiva para a indústria de São Paulo, o que dá uma perda de 27,9% acumulada em três meses”, observou o analista da Coordenação de Indústria do IBGE Bernardo Almeida.

A indústria paulista foi arrastada para seu pior resultado mensal da história sobretudo pelos setores de veículos automotores, por causa da queda brutal da produção de automóveis, e de máquinas e equipamentos. São resultados que mostram a fraqueza do consumo e dos investimentos. Mas outros segmentos da indústria registraram perdas. As exceções foram as atividades de perfumaria, alimentos e produtos farmacêuticos. Afinal, mesmo na pandemia, a população precisa de cuidados pessoais, alimentos e remédios.

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