Se dependesse somente de convicções e decisões de certos ministros de Estado e de membros da família do presidente da República, a balança comercial já não mais seria a principal responsável pela situação ainda relativamente confortável das contas externas do País nem estaria assegurando, com folga, o bom desempenho do agronegócio brasileiro, um raro segmento da economia que apresenta resultados positivos em meio à crise do novo coronavírus. País repetidamente criticado por membros do primeiro escalão do governo de Jair Bolsonaro, a China, que há anos é o principal destino das exportações brasileiras, está comprando mais produtos agroindustriais originários do País.
Em abril, por exemplo, a segunda maior economia do mundo aumentou em 61% as importações de produtos do agronegócio brasileiro na comparação com um ano antes, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). As exportações desses produtos para a China alcançaram US$ 4,76 bilhões no mês passado, contra US$ 2,96 bilhões em abril do ano passado. No mês, a participação da China nas exportações brasileiras do setor passou para 46,6%, ante 36,1% em 2019.
Nos quatro primeiros meses do ano, as exportações do agronegócio alcançaram US$ 31,40 bilhões, o equivalente a 46,3% do total exportado pelo País no período. Mesmo com a redução notável do comércio mundial e da queda dos preços internacionais em razão da pandemia de covid-19, o total exportado pelo agronegócio aumentou 5,9% em valor na comparação com o primeiro quadrimestre de 2019. O resultado foi alcançado por causa do aumento de 11,1% da quantidade exportada, pois o índice de preços diminuiu 4,7%.
Também no quadrimestre o papel da China como importador de produtos brasileiros do agronegócio foi destacado. No período, o valor exportado pelo Brasil para aquele país alcançou US$ 11,85 bilhões, ou 37,7% do total.
Já as exportações para os Estados Unidos, segundo principal destino dos produtos agropecuários brasileiros, ficaram em US$ 1,92 bilhão no quadrimestre, valor 14,2% menor do que o registrado em igual período do ano passado. Ressalve-se que a economia chinesa já começa a se recuperar da crise do coronavírus, enquanto a americana registra os piores índices econômicos em muitas décadas.