Por Manuela Berbert *
Forte, esse título, não é? Também achei! E não, essa frase não é minha. Ela foi retirada do filme Comer, Rezar e Amar, o qual assisti, mais uma vez, no último sábado. No meio desse caos mundial e no isolamento social voluntário (ou não). A frase, para minha surpresa, é dita quanto a personagem está na Itália, um dos países mais atingidos pelo COVID-19, e um dos lugares mais lindos que já visitei nesta vida, para onde, inclusive, ainda quero voltar. Mas Elizabeth Gilbert, personagem principal do enredo, jamais imaginou nada disso naquele momento. A frase foi usada como uma metáfora quando a mesma desbravava as ruas e ruínas de Roma, com olhar de curiosidade e medo, como geralmente é o processo de autoconhecimento. E é incrível como eu, que já tinha assistido o filme outras vezes, e já tinha lido o livro mais de uma vez, só me dei conta disso agora. O amadurecimento e reconhecimento de si mesmo nos traz inúmeros desafios, e talvez o maior deles seja enxergar beleza no caos e esperança no processo. Ainda que doa. Mais ou menos o que a personagem, intensa nas observações sobre si, estava vivendo, e o que estamos passando hoje. Afinal, ninguém sairá ileso disso tudo. Os dias têm sido longos e curtos ao mesmo tempo, a depender do que cada um esteja se propondo a fazer. Doídos ou leves, e isso realmente tem sido bastante individual. Há pessoas rodeadas de pessoas sentindo-se só, e muitas em paz justamente por estarem quietinhas. No fundo, é como se todos nós estivéssemos, há alguns dias, perdidos nas vielas de uma imensa cidade, gritando alto, sem se escutar. A vida parou tudo e está nos conduzindo a uma longa estrada, propondo a cada um o dom e a sabedoria de se transformar.
*Manuela Berbert é Publicitária.