Multiplicam-se eventos extremos, e o tempo para a reação, por meio de cortes nas emissões, fica mais curto
Queira-se ou não, o clima se firma como um dos temas mundiais prioritários no mundo. Não é sem motivo que, na recente eleição para o Parlamento Europeu, a força política que mais avançou foram os partidos verdes. O presidente americano, Donald Trump, adversário confesso dos preservacionistas, e sua réplica brasileira Jair Bolsonaro, terão de conviver com esta realidade.
Nos Estados Unidos, a Casa Branca, devido à força do federalismo americano, tem de de admitir que estados como a Califórnia tenham rígidos padrões para a emissão dos veículos. Já no Brasil, por uma feliz coincidência, Bolsonaro assumiu com a assinatura do acordo comercial Mercosul-UE, em que há cláusulas que subordinam o seu cumprimento ao respeito do país ao meio ambiente.
Enquanto isso, o planeta continua a demonstrar que existe algo fora da ordem no clima. Mais uma onda de calor no verão europeu é um sinal de alerta. Recordes de temperatura foram batidos na Bélgica, Holanda e Alemanha. Paris enfrentou 42,6 graus centígrados, dignos de verão carioca, batendo o limite alcançado há 72 anos. Segundo o jornal “Washington Post”, 20 lugares no sul da Noruega experimentaram “noites tropicais”.
Realimenta-se a discussão sobre a contribuição humana ao aquecimento. Os cientistas ressaltam, com mais ênfase, que seria impossível acontecerem esses fenômenos sem a contribuição da Humanidade.
O sistema meteorológico responsável pelo calor europeu estacionou sobre a Groenlândia, contribuindo para elevar a velocidade do degelo na região.
As evidências da desordem climática estão por toda parte. Do Brasil — onde as tempestades se tornam mais fortes no Sul e Sudeste, por exemplo — ao derretimento dos glaciais no Himalaia, que dobrou de velocidade em relação à virada do século, do Ártico e da Antártica. O resultado inescapável é a elevação do nível dos oceanos, com efeitos catastróficos em países litorâneos.
É indiscutível que o tempo apressou o passo, e começam a ser insuficientes medidas que vêm sendo tomadas por meio de acordos multilaterais. No ano passado, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas estabeleceu que o mundo precisaria reduzir em 45%as emissões de carbono antes de 2030, para evitar que a temperatura suba mais de 1,5 grau até o final do século. Agora, diz que as medidas com este objetivo precisam ser aplicadas a partir do final do ano que vem.
As perspectivas se degradam. Na proporção em que o discurso antipreservacionista é cada vez mais negado pelos fatos.