Sem poder fazer cultos nas unidades da Igreja Internacional da Graça, o pastor R.R. Soares está fazendo um apelo em vídeo para que seus fiéis não deixem de fazer doações à igreja. Usando máscara de proteção, Soares, 72 anos, aparece no vídeo demonstrando contrariedade com o veto a cultos no país, determinado pelas autoridades devido à pandemia de coronavírus. “Queria agora dar nossas contas pros irmãos, porque se estivessem na igreja vocês fariam suas ofertas, entregariam seus dízimos. Mas não pode, tá proibido aí. Quer dizer, tá orientado a não sair de casa”, diz o pastor. Aglomerações estão proibidas para evitar a propagação do contágio. “Então o que eu tenho de fazer?”, questiona retoricamente Soares. “Você pode transferir pela internet para nossas contas. Você tem conta em que banco? Bradesco? Itaú? Banco do Brasil?”, prossegue no vídeo, antes de passar pausadamente o número da conta da igreja nessas três instituições. Com mais de 1 milhão de fiéis, presente em 192 países e com 5.000 templos espalhados pelo país e pelo mundo, a Igreja Internacional da Graça (IIGD) foi criada em 1980 por Soares, após ele deixar a Igreja Universal, da qual é fundador, e romper com seu cunhado, Edir Macedo. Trata-se de uma igreja de linha neopentecostal e que baseia parte de seus ensinamentos na chamada “teoria da prosperidade” (ou —sic— teologia). Essa vertente evangélica (da qual a Universal, Renascer e muitas outras fazem parte) prega que a bênção financeira é um “desejo de Deus”. Desde, claro, que os fiéis se comprometam a dar uma contrapartida: doações em dinheiro ou propriedades, seja em nome dos dízimos ou de “desafios” lançados por pastores, missionários ou bispos. Além da igreja, Soares também comanda uma emissora de TV UHF (RIT) e uma pequena operadora de TV paga, a Nossa TV, cuja programação só tem canais que não exibem nenhum tipo de programação com violência ou nem sequer sensualidade.
(Ricardo Feltrin)