Neste quarto Domingo da Quaresma, conhecido como Domingo da alegria, já podemos alargar um pouco mais nossos passos, pois já conseguimos enxergar além da cruz… Ao longo desta nossa caminhada Quaresmal, tomamos consciência, de que a ressurreição de Jesus, não ficou no passado, que ela acontece a cada vez que resgatamos um irmão trazendo-o de volta à vida. Aprendemos muito nesta nossa caminhada de preparação para a Páscoa, mas ainda há muito que aprender, afinal, temos uma missão desafiadora pela frente: dar continuidade à missão de Jesus no meio em que vivemos. A palavra de Deus, endereçada a nós no evangelho deste Domingo, apresenta-nos Jesus como a Luz a liberta, que nos tira das trevas! Enquanto caminhava com os discípulos, Jesus vê um cego de nascença e se compadece dele. E como naquela época, a ideia religiosa dominante, induzia o povo a acreditar que a doença era castigo de Deus, consequência do seu pecado ou o pecado de seus pais, os discípulos perguntaram a Jesus: “Mestre, quem pecou para que nascesse cego: ele ou seus pais? Jesus, que gostava de aproveitar todas as oportunidades para ensinar os discípulos, corrige esse modo errôneo de pensar, dizendo: “Nem ele nem seus pais pecaram, mas isto serve para que as obras de Deus se manifestem nele. ”No ato de devolver a visão aquele que era cego, libertando-o das correntes que o aprisionava, como a cegueira e preconceito é manifestada, na ação misericordiosa do Filho, a obra do Pai! O episódio desta cura, é cheio de simbologia, mostra-nos que a lama externa, não consegue encobrir a essência divina presente numa pessoa, basta lavá-la, para que a essência divina aflore nela. A narrativa vem nos acordar para uma realidade bem próxima de nós: os muitos irmãos que vivem nas trevas, uns, porque ainda não conheceram a Luz, outros, porque a rejeitam. O cego de nascença, representa todos aqueles que vivem na escuridão, pessoas que são impedidas de serem eles mesmos .E nós, como estamos vivendo? Estamos à caminho da “piscina” de “Siloé” com o propósito de retirar a “lama” dos nossos olhos? Ou preferimos continuar tateando por aí, com os nossos olhos vendados, correndo o risco de cairmos em “piscinas” vazias e nos machucar seriamente? Qual é o Jesus que queremos enxergar? Um Jesus bonzinho, quietinho lá no céu, sem nos “incomodar”? Se assim for, perdemos a oportunidade de fazer a experiência do Jesus verdadeiro, o Jesus próximo de nós, que nos incomoda, que nos desinstala, que quer nos ver à caminho, carregando a nossa cruz, estendendo as mãos para os “cegos” que a sociedade vive jogando as margens do caminho. Não podemos viver na incerteza, como aquele povo que questionou a cura do cego, que alegou ser uma infração algo contra à lei, por aquela ação misericordiosa de Jesus, ter sido realizada em dia de sábado, como se para fazer o bem houvesse dia e hora. Que possamos neste tempo Quaresmal, nos banhar por inteiros, na piscina de “Siloé” e de lá, sairmos limpos, renovados, prontos para assumirmos a nossa missão. Aproveitemos pois, estes dias que nos separa da grande Festa da vida, para revisar o quanto há de luz e de sombra em nossa vida, pois ainda há tempo de abandonarmos tudo o que nos impede de aproximarmos da Luz! Jesus, a luz libertadora, nos convida a renunciar tudo o que gera “trevas”.
FIQUEMOS NA PAZ DE JESUS!
Por Olivia Coutinho