Não há razão para pânico, mas é preciso prudência e diligência, para evitar o contágio e também as nefastas consequências de uma doença que tem afetado o mundo inteiro
As últimas informações sobre a pandemia do novo coronavírus recomendam que tanto as autoridades públicas como a população sigam obedientemente as orientações sanitárias. Não há razão para pânico – uma reação assim apenas agravaria o quadro –, mas é preciso prudência e diligência, para evitar o contágio e também as nefastas consequências de uma doença que tem afetado o mundo inteiro. Como as autoridades médicas alertam, medidas relativamente simples podem ser decisivas para reduzir as taxas de contaminação. Vale destacar, em primeiro lugar, que o mundo está diante de uma situação excepcional. Numa medida inaudita para tempos de paz, a Itália decretou quarentena em todo o país, com recomendações para que a população não saia de casa. Em Madri, na Espanha, todos os museus estatais fecharam desde ontem suas portas ao público. E aos que nutriam alguma dúvida quanto à gravidade da nova pandemia, a decisão do presidente americano, Donald Trump, de suspender a partir de hoje todas as viagens da Europa continental para os Estados Unidos pelos próximos 30 dias ajudou a dar uma dimensão mais realista ao problema. No dia do anúncio, os Estados Unidos já tinham mais de 1,2 mil casos de contaminação e ao menos 36 mortes pela covid-19. Ainda que não seja claro o motivo de não suspender os voos do Reino Unido – na decisão americana pode haver elementos políticos ou ideológicos, estranhos à questão sanitária –, é evidente a gravidade das medidas anunciadas.Nos últimos dias, a transmissão do vírus no Brasil também mudou de patamar. Na tarde de ontem, o Ministério da Saúde tinha confirmado 77 casos, distribuídos em nove Estados. O atual quadro recomenda uma nova dinâmica de medidas de prevenção, uma vez que se confirmou a transmissão comunitária. No início, os brasileiros com teste positivo para o novo coronavírus tinham sido infectados em viagens ao exterior. Agora, já se confirmaram vários casos de transmissão local. Como é natural, há ainda muitas questões médicas em aberto. Não se sabe, por exemplo, como o novo coronavírus se comporta em regiões tropicais, com maior temperatura. Ao mesmo tempo, já existem evidências científicas a respeito de pontos importantes quanto à transmissão do vírus e ao tratamento da doença. Sabe-se, por exemplo, que a covid-19 é muito mais letal para idosos, o que conduz a recomendações importantes. Pessoas acima de 70 anos devem ser especialmente cuidadosas, restringindo ao máximo as possibilidades de contágio. Se a cada dia reúnem-se mais informações sobre o melhor tratamento a ser dado a quem foi infectado – o que traz tranquilidade –, é preocupante constatar a carência de leitos hospitalares em relação às projeções de contaminação. Estima-se, por exemplo, que na Grande São Paulo 40 mil pessoas serão infectadas pelo novo coronavírus ao longo dos próximos quatro meses. A curva de contaminação é uma progressão geométrica, o que, por exemplo, desaconselha viagens ao exterior no momento. Não há como assegurar que um país esteja isento de um surto de contaminação. O estado sanitário de um local pode se alterar em poucos dias.Há também experiências positivas. A estratégia da Coreia do Sul, por exemplo, tem sido apontada como um caso de sucesso, ao aliar informações ao público, participação da população e campanha de testes em massa para conter o novo coronavírus. Após registrar uma onda de contaminação, com mais de 7 mil pessoas infectadas, o país conseguiu reduzir o número de novos casos, além de manter uma taxa de mortalidade relativamente baixa.Sem criar pânico, cabe às autoridades públicas tomar todas as providências necessárias, aprendendo também com a experiência dos outros países. À população cabe se informar em fontes seguras, não compartilhar notícias de origem duvidosa e seguir as orientações sanitárias. No panorama, há incertezas, mas existem também parâmetros e orientações aptos a prover segurança e tranquilidade ao longo dos próximos meses.