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Infoxicação: como criar uma relação mais saudável com o mundo virtual

por Ornan Serapião
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Alarme programado, três notificações abertas e um bilhete do aplicativo: beba mais água. Reunião às 10h. Seis dígitos de mortes por coronavírus e notícias  ‘desmentidas’ pela última corrente no grupo da família. Enquanto isso, sua amiga influenciadora publica mais um conteúdo sobre saúde mental e gratidão. Se você não sabe o que fazer com tudo isso, bem-vindo à 2020, o ano da infoxicação. 

Criado em 1996, por Alfons Cornellá, o termo “infoxicação” define a sensação de estresse, dispersão e ansiedade causada pelo excesso de informação nas redes. Os mesmos sintomas foram relatados pelo ator e cantor Guilherme Anacleto, de 25 anos.  Como a visbilidade de seu trabalho depende da atenção das redes, a pressão é constante: “Existe uma cobrança pessoal muito grande, tanto para prosperar, quanto para conseguir ter um pensamento crítico sobre como fazer  minha arte refletir questões sociais. Isso sem parecer desrespeitoso”, explica.

Para a psicóloga Kátia Rosa, embora a preoupação em entregar um conteúdo de qualidade seja natural, o problema começa quando a pessoa não consegue ficar longe das redes. “A virtualidade veio para ficar, mas as pessoas precisam lidar com isso de forma mais saudável”, explica. Para a profissional, existem alguns sinais que podem acender o alerta para uma pessoa “infoxicada”.

“Ela percebe uma inquietação e nervosismo ao se afastar do celular, e chega a ter interrupções no sono para checar as notificações. Aos poucos, ela vai se afastando da realidade física.” 

Para quem, assim como Guilherme, se define como um influenciador digital, a responsabilidade por aquilo que se publica na web é ainda maior, especialmente em tempos de pandemia. Uma pesquisa publicada pelo Reuter’s Institute mostrou que influenciadores digitais foram responsáveis pela disseminação de 20% das fake news sobre coronavírus. No entanto, esses posts contam com 69% do engajamento nas redes sociais.

“Durante a pandemia, não são apenas decisões de consumo que podem ser influenciadas, mas também decisões que podem botar a saúde dos seguidores em risco”, explica Clara Becker, fundadora da plataforma de educação midiática Redes Cordiais. 

Becker explica que, diante do excesso de informações, os influenciadores digitais precisam assumir a responsabilidade do que compartilham. “O papel da educação midiática é capacitar os influenciadores, na verdade qualquer pessoa, a navegar de maneira autônoma no ecossistema informacional. O excesso de informação torna cada vez mais necessário sabermos verificar as fontes das informações que consultamos e filtrar aquilo que compartilhamos”, diz. 

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