A Vara da Justiça Militar de Pernambuco absolveu, no último dia 7, Mirella Virgínia Luiz da Silva, que foi expulsa da Polícia Militar do estado por ter divulgado um vídeo denunciando assédios sofridos na corporação, que causaram a ela problemas psicológicos. A votação foi unânime pela absolvição da soldada, e por não considerar que o ato constitui infração penal.
Em setembro de 2021, Mirella publicou um vídeo no Youtube, mas de modo privado, permitindo o acesso apenas aos que possuíam o link. No depoimento de cerca de 20 minutos ela pedia ajuda para tratar de problemas psicológicos causados por assédios moral e sexual cometidos por superiores na corporação contra ela. A policial já havia protocolado diversas denúncias na Corregedoria da Polícia Militar acerca do que vinha passando, mas nunca teve retorno.
Dois anos depois da denúncia, em setembro de 2023, no entanto, a cúpula da PM junto com a Corregedoria decidiram pela expulsão da soldada por publicar críticas a um superior. Indignada à época, Mirella contestou a decisão com dois recursos administrativos, um dirigido à Secretaria de Defesa Social e outro ao governo de Pernambuco. Em outubro do mesmo ano, a governadora Raquel Lyra assinou sua reintegração aos quadros da PM, mas na reserva, devido a seu quadro de saúde mental debilitado causado pelos estresses das tramitações judiciais.
Durante o período, ela pedia por justiça, para limpar seu nome e sua honra, afirmando que não havia cometido nenhuma infração que justificasse sua expulsão. “Trata-se de um relato emocional e subjetivo, motivado por intenso sofrimento psicológico e esgotamento mental, decorrentes de experiências pessoais e institucionais vividas. Ela, no interrogatório judicial, alegara que o vídeo fora um ‘pedido de socorro’, uma tentativa de chamar atenção para o adoecimento mental dos policiais militares, e que excluíra o vídeo poucas horas após a publicação”, escreveu o Juiz Francisco de Assis Galindo de Oliveira na sentença.
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