A queda na aprovação de Lula registrada em recentes pesquisas, de Datafolha à CNT, traz a reboque um outro problema que pode agravar a situação de governabilidade no terceiro mandato do presidente. A situação da governabilidade do presidente Lula (PT) tem se complicado bastante, após as altas rejeições nas recentes pesquisas populares divulgadas por Datafolha e CNT. Os partidos do Centrão (PP e PSD), ameaçam deixa o governo depois que os resultados negativos foram explanados. A ideia é tirar seus afiliados dos ministérios. O presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), afirmou que vai pressionar André Fufuca a deixar o ministério dos Esportes e ameaçou o governo. O ministro já está ciente, já que Ciro afirmou que já falou com Fufuca que “está sendo pressionado”. A estratégia passa por “sangrar” Lula. Para Nogueira, a comunicação do governo e a exposição de Lula são tidos por ele como os principais problemas. “Quem está acabando com o Lula é o Sidônio [Palmeira, da Secom], a exposição dele. O cara fala 20 minutos, aí uma derrapada é o que mais vai para a internet”, declarou.
PSD caminhando junto
O ministro da Agricultura Carlos Fávaro, do PSD de Gilberto Kassab, vazou à CNN que avisou Lula que pode deixar o governo, com o álibi de que “não aceita fazer parte de um governo que taxa exportações do agro”. Isso porque uma parcela do governo e da bancada governista fala em taxar as exportações feitas por ruralistas, que formam uma das principais bases de apoio do bolsonarismo. A taxação, no entanto, tem razão. O governo não cobra impostos das exportações para tornar o agro mais competitivo no cenário internacional. Segundo a Revista Fórum, a ameaça de Carlos Favaro de deixar o governo está relacionada justamente à disputa presidencial de 2026. Kassab já havia disparado ataques a Lula – dizendo que ele perderia a eleição – e a Haddad, considerado sucessor natural do presidente. Kassab é o principal articulador da “frente ampla” que reúne mídia liberal, sistema financeiro e Centrão no apoio à candidatura Tarcísio como a terceira via anti-Lula em 2026.
Republicanos seguindo o mesmo barco
Ocupando o Ministério dos Portos e Aeroportos, comandado por Silvio Costa Filho, o Republicanos é outro partido que tenta desembarcar do governo Lula com a mesma justificativa: as recentes pesquisas. O presidente do Republicanos, braço político da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) de Edir Macedo, Marcos Pereira, afirmou ao jornal O Globo que deve desembarcar do governo antes de 2026. “A tendência do partido é caminhar com alguém de centro-direita nas eleições presidenciais, mas não podemos cravar agora”, disse em 30 de janeiro. Pereira dobrou a aposta e citou uma pesquisa do “mercado” para abandonar Lula em 2026. “Eu vi uma pesquisa recente, feita pelo mercado, que mostra 79% de voto dos evangélicos em Lula na eleição de 2002. Essa desconexão do presidente Lula e da esquerda com o setor evangélico é causada pelas pautas progressistas. Quando o eleitor evangélico votou em Lula, não se sabia, penso eu, que esse partido e a esquerda teriam uma postura ativista nas pautas de costumes”, disse.
Foto: Ricardo Stuckert/PR