O primeiro-ministro do Iraque, Adel Abdel Mahdi, pediu ao secretário de Estado americano, Mike Pompeo, o envio de uma delegação para organizar a retirada dos soldados dos Estados Unidos do Iraque, o que o Parlamento iraquiano exige.
O diálogo aconteceu em um telefonema feito na noite da quinta-feira (9).
Desde que Washington assassinou em um ataque em Bagdá o poderoso general iraniano Qassem Soleimani e seu braço direito, o iraquiano Abu Mehdi al-Muhandis, o sentimento antiamericano aumentou no país, e as autoridades se tornaram cada vez mais distantes do aliado americano.
O Parlamento votou a favor da expulsão dos 5.200 soldados americanos que estão alocados no Iraque e provavelmente das tropas dos outros 75 Estados-membros da coalizão antijihadista liderada por Washington.
O comunicado do gabinete do primeiro-ministro do Iraque informa que o telefonema de quinta-feira (9) foi uma iniciativa de Pompeo.
Oficialmente, Washington afirma não ter um plano de saída, mas um erro recente criou dúvidas. O comando dos EUA no Iraque informou oficialmente as autoridades de Bagdá do início de sua retirada, antes de Washington garantir que se tratava de um “rascunho” enviado por engano.
As autoridades iraquianas pedem que essa retirada seja feita o mais rápido possível, após “violações da soberania do Iraque”, em referência ao ataque a Soleimani, mas também uma semana antes a um ataque às bases iraquianas que matou 25 combatentes pró-Irã integrados às forças de segurança.
Clérigo condena ataques dos EUA e também do Irã
O principal clérigo xiita do Iraque condenou, nesta sexta-feira (10) os ataques dos EUA e também do Irã no território iraquiano.
Para o aiatolá Ali al-Sistani, as condições deterioradas de segurança no país e no Oriente Médio são um resultado do confronto entre Washington e Teerã.
Em uma mensagem lida por um representante durante as cerimônias de sexta-feira na cidade sagrada de Kerbala, o aiatolá al-Sistani afirmou que a série de ataques foi uma violação da soberania, e que a nenhum poder estrangeiro deveria ser permitido decidir o futuro do Iraque.
“O uso de métodos exagerados por diferentes lados que possuem poder e influência só vão arraigar a crise e prevenir uma solução”, ele afirmou.
“Os últimos atos agressivos, que são violações repetidas da soberania do Iraque, são uma parte da deterioração da situação”, ele afirmou.
Desde a morte de Soleimani, o Irã reforçou seus pedidos para que as forças dos EUA saiam do Iraque. Os dois países são de maioria muçulmana xiita.
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, afirmou que os ataques que eles fizeram em retaliação não foram suficientes, e que “o mais importante é terminar a presença corruptora dos EUA na região”.
Analistas dizem que, por enquanto, o foco do Irã é pressionar mais o governo xiita do Iraque para pressionar os EUA a saírem e mobilizar as milícias para incomodar as forças americanas.
G1.com