A razão por trás do bloqueio, segundo o STF, foi o “milícia digital” formada por empresários durantes as eleições de 2022 para apoiar Bolsonaro
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), anunciou nesta terça-feira (3) a devolução do acesso às redes sociais do empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan, encerrando dois anos de suspensão imposta por suspeitas em uma investigação da Corte sobre atuação de empresários durante o feriado do dia 7 de setembro 2022, quando foi celebrado o bicentenário da Independência do País.
Segundo matéria do Estadão, o despacho de Moraes liberando a Hang o acesso aos perfis se estende ainda pra o empresário José Koury, também alvo da investigação. Procurada pelos autores da publicação para comentar a decisão, a defesa de Hang não respondeu. A assessoria das lojas Havan também foi questionada, mas não retornou.
A razão por trás do bloqueio, segundo o STF, foi o grupo formado durante as eleições gerais de 2022 por empresários em um aplicativo de mensagens para apoiar a reeleição do então presidente Jair Bolsonaro (PL). O modo de agir do grupo, segundo a Corte, era similar ao das “milícias digitais”, alvo de um inquérito relatado por Moraes, valendo-se de ataques ao STF, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e de informações sabidamente inverídicas contra as urnas eletrônicas.
Suspensão de perfis e quebra de sigilo
À época, o ministro determinou a suspensão dos perfis nas redes sociais de oito empresários que integravam o grupo, além da quebra de sigilo bancário. Na decisão, o magistrado alegou “forte indícios” de que os alvos da ação vinham atuando para “fornecer recursos para o alcance de objetivos escusos nos atos ocorridos durante o último feriado nacional de Independência do Brasil”.
Além de Hang, foram alvos da investigação os empresários Afrânio Barreira Filho, José Isaac Peres, José Koury Junior, Ivan Wrobel, Marco Aurelio Raymundo, Luiz André Tissot e Meyer Joseph Nigri.
Na semana seguinte o bloqueio às contas bancárias foi suspenso. Entretanto, Hang e Meyer Negri, seguiram por ser investigados, por ordem do próprio ministro. Os demais empresários tiveram o acesso às contas liberado em agosto de 2023, mas o dono da Havan seguiu com o perfil restrito.