Para ter uma ideia do sucesso do contra-ataque da Ucrânia, em poucos dias, o exército avançou quase 1000km e já domina mais de 73 vilarejos na região de Kursk, área fronteiriça do país. Milhares de pessoas foram evacuadas de última hora. Ninguém esperava que a Ucrânia fosse furar o “bloqueio” russo de forma tão rápida e eficaz.
Mas, segundo o conselheiro do presidente ucraniano, a ideia não é ocupar o território, mas aumentar o “poder de barganha” durante possíveis negociações para o fim da guerra, que já dura dois anos. Só que o presidente russo, Vladimir Putin, já anunciou que suspendeu qualquer tipo de conversa. Ele ficou tão irritado, que chegou a dar uma “bronca” no governador de Kursk durante uma reunião, pedindo para não falar sobre os números do avanço das tropas de Zelensky.
Vamos aos pontos que preocupam o chefe do Kremlin:
1. O Exército
Todos os outros ataques ucranianos em território russo (durante a guerra) foram conduzidos por unidades menores, composto em maioria por cidadãos e grupos isolados. Dessa vez foi uma ação coordenada e de larga escala feito pelo Exército do país. Isso tem um peso até simbólico muito maior. E um constrangimento até então inédito para Moscou.
2. O Avanço
Como dito anteriormente, o avanço rápido chamou atenção até mesmo dos aliados, principalmente da OTAN. Já são milhares de pessoas sob o controle da Ucrânia. E eles não querem parar por aí. Vão continuar avançando. Ou seja, em miúdos, Putin vai precisar deslocar as divisões de volta para a Rússia e evitar perder ainda mais territórios.
3. A Revolta
As milhares de pessoas que deixaram as casas ficaram revoltadas, principalmente com o governo. Na visão delas, Putin não conseguiu protegê-las. Pior: as regiões foram facilmente dominadas. No Kremlin, o medo é que esse sentimento possa avançar e dar voz aos dissidentes.
Para Putin e os aliados, a nova estratégia ucraniana complica o planejamento, a condução e a forma de como a guerra é vendida para os cidadãos. É um atraso que pegou os militares de surpresa.
Para Zelensky e os aliados, o medo é que os russos resolvam colocar armas nucleares no debate. O Kremlin anunciou uma “operação antiterrorista” sob o comando do Serviço Secreto, classificando a invasão como ameaça comum à segurança nacional. Mas não disse o que faria. Teme-se que sejam exercícios com armas atômicas.
Nada está descartado.