Era uma vez, uma menina, que acreditava que o seu canto chegava ao céu! Todo o dia, ao cair da tarde, ela pegava sua boneca preferida e em companhia do seu cãozinho chamado fiel, descia correndo em direção ao riacho que passava bem nos fundos de sua casa! Depois de molhar os pesinhos nas águas borbulhantes que caiam sobre as pedras, a menina subia na pedra grande e lá do alto cantava um cântico bonito que aprendera com sua mãe, num livrinho de oração! Com o olhar voltado para o alto, ela acreditava que o seu canto chegava ao céu e que o eco da sua voz, vindo das montanhas, era a resposta de Deus, dizendo pra ela, que o seu cântico chegara a Ele.
Ela cantava sempre o mesmo canto, um canto comprido, que falava de amor, de um amor que fora plantado por Deus, em todos os corações: o amor universal!
Depois de cantar e de contemplar as maravilhas do entardecer, de ouvir o cantar dos passarinhos na floresta antes de se recolherem em seus ninhos, a menina, radiante de alegria, voltava pra casa, levando numa mão, a sua boneca e na outra, duas florezinhas do mato: uma pra colocar no oratório da santinha e a outra pra sua mãezinha! E assim, a menina ia crescendo no amor a Deus e a natureza, sem nunca deixar de cantar pra Deus ouvir!
Anos se passaram, a menina cresceu, e já adulta, morando na cidade grande, ela nunca esquecera de suas raízes, sempre que podia, estava ela lá, de volta ao seu paraíso encantado! Certa vez, numa dessas suas voltas à aquele lugar, ela ficou sabendo, através de um antigo morador daquela região, um moço que era seu vizinho, que, enquanto o pai dele agonizava no seu leito de dor, o cântico dela, chegava até ele como um bálsamo aliviando as suas dores. E que aquele seu cântico em forma de oração, prolongara a vida do seu pai!” Sem saber o que dizer, a então jovem, bastante emocionada, disse-lhe com toda convicção: “Não era a minha voz, que chegava até seu pai, era Deus, que chegava até ele, escondido naquele cântico em forma de oração…”
Texto inspirado em fatos da minha infância.
De Olivia Coutinho
Este é o cântico que a menina cantava: