Para líder do grupo libanês, a solução para os confrontos na fronteira é acabar com a guerra na Faixa de Gaza
Horas após o Exército de Israel informar que tem um plano para atar o Líbano ante ao aumento da tensão com o Hezbollah, o líder do grupo xiita libanês, Hassan Nasral, apoiado pelo Irã, reiterou nesta quarta-feira (19) que seu movimento não busca uma guerra aberta com Israel, mas garantiu que se o país a declarar, lutará “sem controle, regras ou limites”. “O inimigo sabe que deve nos esperar por terra, ar e mar. E se uma guerra nos for imposta, a Resistência lutará sem controle, regras ou limites”, disse o clérigo xiita, insistindo que o grupo não tem “nenhuma intenção” de iniciar um conflito mais extenso do que o atual. “O inimigo sabe muito bem que nos preparamos para os piores dias e ele sabe o que o espera, por isso foi dissuadido por oito ou nove meses”, acrescentou Nasrala em um discurso em homenagem ao alto comandante Abu Taleb, morto na semana passada em um bombardeio israelense no sul do Líbano.
Segundo Nasrala o grupo xiita libanês conta atualmente com mais de 100 mil combatentes e revelou que vários movimentos com ideias semelhantes se ofereceram para enviar integrantes ao Líbano para lutar contra Israel. “Ultrapassamos em muito os 109 mil combatentes e temos mais no Líbano do que a frente precisa, mesmo nas piores condições de uma guerra”, comentou Nasala durante um discurso televisionado em canais afins. Nasrala acrescentou que os chefes de várias formações regionais de “resistência” entraram em contato para expressar interesse em enviar integrantes para o Líbano e disse que o Hezbollah recusou as ofertas, dizendo que suas fileiras são grandes o suficiente. “Dissemos a eles que o que temos é suficiente, até mais, para a batalha”, relatou o clérigo xiita durante seu discurso.
Nas últimas semanas, os temores renovados de uma guerra aberta entre o Hezbollah e Israel ressurgiram depois que os confrontos entre os dois lados desde outubro do ano passado aumentaram significativamente e Israel elevou o tom de suas ameaças a esse respeito. Nasala advertiu que se Israel atacar, “nenhum lugar” do território israelense ficaria “incólume aos nossos mísseis e drones” em caso de guerra, e até levantou a possibilidade de o movimento libanês invadir o norte de Israel. O líder do grupo libanês também alertou o Chipre que o país será tratado como parte beligerante se permitir que Israel use suas bases ou seus campos de aviação durante uma potencial guerra contra o Líbano. “O Chipre deve ter cuidado. Se permitirem que Israel utilize os seus aeroportos e bases, serão parte da guerra com a Resistência”, disse Nasrallah durante um evento em homenagem ao comandante Abu Taleb, que morreu na semana passada em um bombardeio israelense contra o sul do Líbano.
Para o líder do grupo libanês, a solução para os confrontos na fronteira é acabar com a guerra na Faixa de Gaza. O Hezbollah abriu uma frente de apoio ao movimento islâmico Hamas um dia após o início da guerra no enclave palestino e insistiu que seus ataques a Israel cessarão quando o conflito na Faixa de Gaza terminar. “Continuaremos com nossa solidariedade e apoio a Gaza; estaremos prontos e preparados para todas as possibilidades, e nada nos impedirá de cumprir nosso dever. A solução é simples: parar a guerra em Gaza”, destacou Nasrala. A eclosão da tensão entre Israel e o Hezbollah é considerada a mais grave desde a guerra travada por ambos os lados em 2006. (JP)