O HOMEM, DEGRADANDO A NATUREZA, NÃO CRIOU UM OUTRO
AMBIENTE MODIFICADO, ALTERANDO O EFEITO DO TEMPO?
Vamos pegar o exemplo da capital paulista. São 6,2 milhões de veículos mandando para o ar que respiramos, toneladas de gases emanados dos canos de descargas dos veículos impulsionados por energia fóssil, a do petróleo.
O álcool, um amenizador, entra em pouca percentagem. Mas não contribui tanto, inclusive polui com a queima das palhas da cana, além de emitir gases.
Essa mão humana no contexto, não só prejudica a nossa saúde, como altera o nosso céu. Não sei se ao ponto de mudar o clima, mas certamente de bagunçar as correntes de ar, provocar os famosos “abafamentos” e provavelmente alterar as concentrações das quedas pluviométricas.
Fiquemos por aqui, hoje, só nesse parâmetro da ação maléfica do bicho
homem. Deixemos o desmatamento, o esgotamento sanitário, os gases industriais, as áreas antropizadas, a eutrofização das águas, a degradação dos solos para uma outra apreciação.
Veja e se “assunte” que são agressões a uma ambiência, outrora, pura, em todos os seus parâmetros, resultando um desequilíbrio dos ciclos da natureza. Isso é uma verdade aos olhos de todos. Nada de ser cientista para enxergar.
Os eventos extremos do Tempo são, a priori, variações naturais. As ações antrópicas degradam o meio ambiente, cujos efeitos que antes eram “normais” passam a ser extremos. As chuvas, por exemplo, resultam de nuvens convectivas, especialmente, às cumulonimbus (Cb), porque elas se formam devido as diferenças nas correntes convectivas térmicas. Esse tipo de precipitação ocorre, com maior frequência no verão ou em dias típicos de verão, em outra estação do ano.
Áreas antropizadas, pois, favorecem não somente a formação desse tipo de nuvens, mas ampliam os seus efeitos em razão do aumento no escoamento superficial.
As cidades, em especial, as regiões metropolitanas, como a referida, SP, com grandes áreas antropizadas oportunizam, em geral, condições para formar Cbs, cuja espessura vertical pode alcançar 16 km e milhões de toneladas água, que precipitam com elevadas intensidades, com descargas elétricas e trovões, podendo ocorrer ventos fortes e granizo.
Recortes geográficos modificados resultam, na sua maioria, no balanço de energia à superfície maiores e, portanto, elevam-se as temperaturas do ar. Para uma mesma altura de chuva, que no ambiente natural resultava apenas numa cheia (normal), ocasiona nesse ambiente modificado uma repercussão maior, com inundações e alagamentos.
Imagine, ademais, a falta de estrutura das Cidades, desprovidas de obras de escoamento, drenagem interna, contenção de barreiras e de “pôlders”! Em síntese, para aclarar a questão: ambientes modificados ocasionam efeitos extremos de qualquer elemento meteorológico.
Portanto, mudar o ambiente, não significa mudança no clima e muito menos ainda, mudança climática. Então, o clima continua o mesmo, igualzinho de dantes, porém o Homem é quem mudou a ambiência, bagunçando os ciclos atmosféricos e os eventos pluviais, de modo a alterar o regime de chuvas, a temperatura e a umidade do ar. Em outras palavras, a ambiência degradada resulta em outro ambiente E a cada vez mais, os reflexos negativos para o planeta, via enchentes, queda de barreiras, alteração do perfil de equilíbrio dos rios e tempestades marítimas.
Portanto, meu caro leitor, a coisa é feia e ultrapassa as pomposas reuniões dos países ricos, no seu “mise en scene” (encenação) ridículo, prometendo metas e mais metas, somente para jogar para a plateia. Enquanto eles “palram”, vamos nos juntar aos gaúchos na construção de suas cidades devastadas por fenômenos da natureza, provocados pelo próprio Homem, bem como ajudar às milhares de famílias atingidas, deixando-os jogando conversa fora com o catastrofismo da mudança climática, quando são os responsáveis maiores pela destruição da Mãe Natureza.
No momento, vamos reconstruir Porto Alegre e tantas outras cidades menores do RS. Mas não vamos ficar só nisso e daqui uns 6 meses cair no esquecimento e continuar no mesmo diapasão de dantes. Isso, jamais!
Vamos, isso sim, fincar nas nossas mentes a necessidade urgente de uma NOVA ORDEM AMBIENTAL, pressionando aos nossos governantes incessantemente, ajuizando, inclusive, as ongs ambientais de discurso repetitivo.
Por Luiz Ferreira, Pesquisador aposentado da CEPLAC, ex-Diretor do CEPEC e Escritor. e Hermes Almeida Pesquisador aposentado da CEPLAC e Professor da Universidade Estadual da Paraíba
(Maceió/AL, 20/05/2.024)