Esqueça o papo de que ele é o homem de “maior popularidade” do país. Ele fala apenas para o seu público e se isola do Brasil real
KACIO PACHECO/METRÓPOLES
J.R GUZZOjr.guzzo@metropoles.com
A aprovação dos homens públicos no Brasil, ou o seu grau de popularidade, é uma coisa curiosa. O ex-presidente Lula, por exemplo, é considerado, há anos, o rei da “popularidade” no país.Antes da prisão, depois da prisão, e mesmo dentro da prisão, não importa: Lula é apontado por todas as “pesquisas de opinião”, e por dez entre dez cientistas políticos como o homem mais bem avaliado, mais aprovado, mais querido, etc. etc. do território nacional. Não é o caso de ficar discutindo isso com os especialistas. Mas sempre se pode levantar algumas dúvidas sobre qual o valor real disso tudo. Se Lula é o homem de popularidade mais alta do Brasil, por qual motivo ele não pode caminhar sequer uns poucos passos numa via pública – a não ser que esteja cercado por um batalhão de seguranças?Porque ele só fala em público dentro de ambientes fechados e com plateia 100% a favor, como sindicatos, centros acadêmicos e lugares do mesmo tipo? Se tem toda essa popularidade, porque não houve uma multidão de 1 milhão de pessoas, ou 500.000, em volta do prédio onde esteve preso durante um ano e meio em Curitiba, exigindo a sua libertação imediata? Esqueça o 1 milhão: porque nunca houve nem 1.000 pessoas, nunca, na “vigília” popular que ficou em volta do prédio da Polícia Federal dizendo “bom dia, presidente Lula”? Aliás: porque nunca houve um chefe do seu partido, gente que sem ele não seria ninguém na vida política, capaz de ficar 48 horas seguidas, ou 24 que fossem, no acampamento pró-Lula? Pois é. São dúvidas. Ainda não apareceu um esclarecimento coerente para elas.