O governo de Portugal quebrou o silêncio e negou, por meio de um comunicado, qualquer intenção de avançar com um “processo ou programa de ações específicas” relacionados à reparação das ex-colônias. O documento foi divulgado no último sábado (27), após nova fala do presidente do país, Marcelo Rebelo de Sousa, sobre as ex-colônias. “Não podemos meter isto debaixo do tapete ou dentro da gaveta. Temos a obrigação de pilotar, de liderar este processo. Senão vai-nos acontecer o que aconteceu a outros países que, tendo sido potências coloniais, perderam a capacidade de diálogo e entendimento com as ex-colônias e estão a ser convidados a sair, a bem ou a mal, dos países onde ainda têm alguma presença”, afirmou Rebelo, durante cerimônia de inauguração do Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, em Peniche, ele ainda disse que é preciso entender e saber quais foram os patrimônios que foram trazidos das ex-colônias e afirmou que a reparação não tem que ser pagamento de indenização, necessariamente.
Na última semana, Rebelo tinha falado também sobre a responsabilidade do país pelos crimes coloniais e a necessidade de reparação, sem necessariamente envolver pagamento de indenizações. O governo português, entretanto, afirmou que dará continuidade à atuação dos governos anteriores em matéria de cooperação com esses Estados. O comunicado do Executivo da Aliança Democrática, do premiê Luís Montenegro, declara que “se pauta pela mesma linha dos governos anteriores” no que diz respeito às reparações aos países colonizados e que não há nenhum projeto relacionado à reparação. No Brasil, o governo pede por “ações concretas” e partidos de esquerda desejam levar o assunto ao Parlamento.
A nota do governo portugal diz que sua linha de atuação será sempre de “aprofundamento das relações mútuas, respeito pela verdade histórica e cooperação cada vez mais intensa e estreita, assente na reconciliação de povos irmãos”.
Rebelo durante sua fala reiterou que é preciso saber que patrimônio foi trazido das ex-colônias e esclareceu que a reparação não tem de passar necessariamente por pagamento de indenizações. O presidente deu como exemplos reparações feitas no passado, como o perdão da dívida aos países colonizados e o estatuto de mobilidade aos cidadãos dos países de língua portuguesa.
Reportagem produzida com auxílio de IA/JP