Vivemos numa sociedade materialista que ignora o ser e que tem parâmetro o ter, uma sociedade fixada na ideia da competitividade que insiste em nos convencer de que o êxito da vida depende do ter e do poder. Contaminados por esta mentalidade, muitos de nós, vamos distanciando de Deus, desprezando os valores irrenunciáveis do evangelho. Em meio a tantos adversários do projeto de Deus, Jesus vem nos trazer algo novo, uma proposta de vida nova, que ao contrário do mundo prioriza o ser! O evangelho que a liturgia de hoje nos convida a refletir, vem nos alertar sobre o risco que corremos, quando desconectamos das coisas do alto. Desconectados do evangelho, entramos na onda do mundo e como consequência, ficamos vulneráveis às ciladas preparadas pelos os inimigos do projeto de Deus, que insistem em nos convencer de que a palavra de Deus está ultrapassada. O texto começa dizendo, que Jesus e seus discípulos, atravessavam a Galileia. Era nestes momentos às sós com os discípulos, que Jesus aproveitava para ensiná-los com mais profundidade. A sós, longe das multidões, os discípulos conseguiam absorver melhor os seus ensinamentos. E para Jesus, era importante prepara-los bem, afinal, seriam eles, os continuadores da sua missão aqui na terra. Conhecedor das fraquezas humanas, Jesus alertava os discípulos, quanto ao perigo deles se deixarem levar pela autossuficiência, pela a vaidade e assim, pôr a perder o projeto de Deus, que deveria começar a se desenvolver no mundo, através deles, na simplicidade. Até então, os discípulos ainda eram muito imaturos na fé, eles tinham muitas dificuldades em entender o messianismo de Jesus e mais dificuldades tiveram ainda, quando Ele fala sobre o desfecho de sua trajetória terrena que culminaria com a sua morte de cruz. Mesmo convivendo com o Jesus, participando diretamente do seu cotidiano, os discípulos, ainda não haviam entrado na dinâmica do Reino, continuavam presos a mentalidade do mundo. Enquanto Jesus falava de sua morte e ressurreição, eles estavam em outra sintonia, estavam preocupados em se autopromoverem, querendo saber qual deles seria o maior, ou seja, quem ocuparia o lugar de Jesus após sua morte. “Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último, aquele que serve a todos” Com essas palavras, Jesus alerta os discípulos e chama a nossa atenção, sobre a importância de esvaziarmos de nós mesmos para nos tornarmos cheios de Deus, servidores do Reino, na humildade e na gratuidade. E para mostrar o modelo de grandeza que agrada a Deus, Ele tomou consigo uma criança e a colocou no meio dos discípulos dizendo: “Quem acolher em meu nome uma destas crianças, estará acolhendo a mim mesmo.” Naquele momento, Jesus convidou os discípulos e também a nós, a despirmos do nosso orgulho da nossa vaidade, da nossa mania de grandeza, para nos tornarmos puros como uma criança. A criança é o símbolo da pureza e da simplicidade, ela representa todos os que têm um coração puro, um coração que não guarda rancores, um coração isento das maldades. As palavras de Jesus que nos chega neste evangelho, devem servir de alerta para todos nós, principalmente para quem exerce cargos de lideranças nas comunidades. Precisamos eliminar tudo o que nos distância do projeto de Deus, desapegar das coisas do mundo, para nos tornarmos dependentes do Pai, assim como a criança é dependente dos seus pais! A nossa preocupação primeira, não deve ser com a nossa promoção pessoal e sim, com a promoção da vida em a sua dimensão. Não podemos esquecer: a chave que abre a porta do céu para nós, está nas mãos dos pequenos, não somente as crianças, mas todos aqueles que estão às margens desta sociedade. Estes, que são os últimos aos olhos do mundo, são os primeiros aos olhos de Deus, estando do lado deles, estamos juntos de Deus! Em sua permanência física aqui na terra, Jesus nos deixou um grande exemplo de humildade; mesmo sendo o Filho de Deus, Ele se fez pequeno. A grandeza de Jesus, estava em sentir-se Filho, um Filho totalmente dependente do Pai! Coloquemos este exemplo no nosso viver e com certeza seremos muito felizes.
FIQUEMOS NA PAZ DE JESUS!
Por Olívia Coutinho