O Talibã anunciou nesta sexta-feira, 21, que assinará um acordo de paz com os Estados Unidos no próximo dia 29, após mais de um ano de negociações no Catar, informação confirmada quase que simultaneamente pelo Departamento de Estado americano.
A única condição imposta por Washington para a assinatura do acordo é o estabelecimento de uma paz parcial na próxima semana, na qual o grupo terrorista se compromete a diminuir seus ataques contra as instalações americanas, do governo e civis.
“Após décadas de conflito, nós, junto ao Talibã, entramos em um acordo para reduzir a violência no Afeganistão“, disse o secretário de Estado, Mike Pompeo. “Esse é um passo importante em direção à paz, e eu peço aos afegãos que abracem esta oportunidade”.
“Após longas negociações entre o Emirado Islâmico (como os talibãs se autodenominam) do Afeganistão e os Estados Unidos da América, as duas partes concordaram em assinar o acordo na presença de observadores internacionais no sábado, 29 de fevereiro”, diz o comunicado do grupo terrorista.
O acordo prevê a redução gradual das tropas americanas do Afeganistão nos próximos anos. Atualmente, os Estados Unidos possuem estacionadas mais de 14.000 militares no país e deverão, caso o acordo seja ratificado, retirar em até 135 dias cerca de 5.000 deles e o restante ao longo de 16 meses.
O Talibã, por sua vez, irá reduzir a violência no país e fará ações de contraterrorismo para garantir que um ataque nos moldes do 11 de Setembro não ocorra novamente em solo americano.
Embora o acordo de paz aparente estar saindo do papel, o Afeganistão se encontra em uma crise política após a reeleição de Ashraf Ghani como presidente. Os resultados das eleições atrasaram cinco meses para serem confirmados, a oposição contestou a apuração e o candidato derrotado Abdullah Abdullah se declarou vitorioso e ameaçou formar um governo paralelo no país.
O governo americano ainda não reconheceu Ghani como o candidato vitorioso das eleições. As negociações de paz entre Estados Unidos e o Talibã não incluem o governo afegão, após os americanos terem concordado em excluir seus representantes das conversas para atender a uma demanda do Talibã, que vê o governo de Ghani como ilegítimo.
Segundo representantes do Talibã, as semana de paz parcial instalada antes da assinatura do acordo de paz também deve ser seguida pelo início de conversar com partidos políticos afegãos.
A crise política que se instaurou no país pode dificultar a implementação do acordo de paz entre os Estados Unidos e o Talibã. O grupo foi deposto do poder durante a invasão americana após os atentados de 2001 contra as Torres Gêmeas, acusado de dar apoio à Al Qaeda de Osama bin Laden. Posteriormente, ressurgiu como um grupo terrorista com o objetivo de restaurar seu poder em Cabul.
A retirada dos Estados Unidos do Afeganistão é uma promessa de campanha do presidente americano, Donald Trump. Em setembro de 2019, dias antes do aniversário dos atentados de 2001, Trump revelou que havia convidado os líderes do grupo para uma rodada de negociações na residência oficial da Presidência Camp David, mas disse que as conversas foram canceladas devido a um atentado com bomba em Cabul que vitimou um soldado americano e 11 afegãos.
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