O Dia – No intervalo do trabalho, durante um lanche em um shopping, na Baixada Fluminense, o cabeleireiro Wando Tostas, de 57 anos, escutou de seguranças que não era bem-vindo no local. O motivo é que ele estava vestido de Mamãe Noel. Na ocasião, há três anos, Wando não conseguiu nem que um carro da Polícia Militar fosse ao local. Para ele, a situação seria diferente se o aplicativo Dandarah já existisse.
O App deverá ajudar à população LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, mulheres transexuais, homens trans e Intersexos) se informar, denunciar, registrar, enfrentar e evitar diversas formas de violência. Ele será lançado pela Fiocruz, no próximo dia 18. O Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo, segundo a ONG Internacional Transgender Europe.
O Dandarah vai permitir também que o usuário acione um botão de pânico, quando ele se encontrar em situação de risco. Uma vez acionado, o App mobilizará até cinco contatos, previamente cadastrados, e de confiança da pessoa. Além disso, a ferramenta vai disponibilizar um mapa que irá mostrar os lugares seguros da região para o público LGBTI.
“Fui cercado por mais de 15 seguranças do shopping. Apenas agora, a Polícia Civil me procurou. Então, pedi para arquivar. Se essa plataforma já existisse, com certeza, teria acionado o botão de pânico”, disse Wando.
Segundo Bruna Benevides, secretária de Articulação Política da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), a ferramenta é colaborativa. “As pessoas vão se sentir parte do projeto. O mapa que apontará os locais seguros, por exemplo, será construído, aos poucos, pelos usuários do App”, explicou.